Guilherme Fiúza, ÉPOCA
O escândalo de corrupção na prefeitura de Campinas não tem nada de escandaloso.
Tudo nesse caso é absolutamente normal.
Há uma ordem de prisão contra o vice-prefeito, do PT, que está foragido.
Segundo o Ministério Público, ele é uma das cabeças de um propinoduto montado no serviço de águas e esgotos.
Qual é a novidade? Nenhuma.
É mera repetição do padrão consagrado, que tem no caso Celso Daniel seu emblema máximo: PT, lixo, esgoto, propina.
Em meio a essa mesmice, mais uma revelação trivial: no caminho da propina entre a empreiteira e a companhia de saneamento aparece, como suspeito, um empresário.
Adivinhe de quem ele é amigo?
Acertou.
É amigo do filho do Brasil.
Luiz Inácio da Silva, o homem e o mito, é candidato a um verbete no Guinness.
Entrará no livro dos recordes como o cidadão com o maior número de amigos acusados de alguma trampolinagem.
Até no episódio do dossiê dos aloprados, os principais suspeitos eram amigos de Lula.
Tinha o churrasqueiro do presidente, o segurança e personal-chapa do presidente, o sindicalista de fé e irmão camarada do presidente desde os anos 70, e assim por diante.
Isso para não falar em Delúbio, Silvinho, Gushiken e grande elenco mensaleiro – todos da cota afetiva de Lula.
O aparecimento de mais um amigo do ex-presidente no caso do esgoto de Campinas não tem, portanto, qualquer relevância.
Será possível que o Ministério Público ainda não entendeu o jeito Lula de fazer amizades?
Em vez de ficarem implicando com o ex-operário, deveriam estimulá-lo a ampliar o temário de suas valiosas palestras.
Além de ensinar o jeito PT de administrar, Lula poderia discorrer sobre a importância do afeto na política.
E explicar como se faz para ter um milhão de amigos fichas-sujas, mantendo intacta a estampa de herói.
Seria um sucesso.
Ele nem precisaria explicar como ficou amigo de Dilma Rousseff.
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