O país que vive de miragens aboliu a fronteira entre a ficção e a realidade
Por Augusto Nunes
Sem saber atirar, Dilma Rousseff virou modelo de guerrilheira.
Sem ter sido vereadora, virou secretária municipal.
Sem ter sido deputada estadual, virou secretária de Estado.
Sem ter sido deputada federal ou senadora, virou ministra.
Sem ter inaugurado nada de relevante, virou gerente de país.
Sem saber juntar sujeito e predicado, virou estrela de palanque.
Sem ter tido um só voto na vida, virou candidata à Presidência.
Eleita, não precisou fazer nada para virar, em 100 dias, uma superadministradora obcecada pela perfeição.
O Brasil nunca foi um país sério.
Mas só neste começo de século virou piada.
Há algo errado nesta história de “exímia gerente”, ironiza o jornalista J. R. Guzzo na edição de VEJA desta semana.
Intrigado com o ritmo paquidérmico das obras prometidas para os aeroportos incluídos no roteiro da Copa do Mundo, Guzzo pergunta “onde estariam, então, essas qualidades todas, numa hora em que tanto se precisa delas?”.
“Mas a gerência do PT já está chegando aos oito anos e meio e Dilma faz parte dela desde a primeira hora – é, afinal, a “mãe do PAC”, e padroeira geral de todas as obras públicas deste país.
O que estaria havendo de errado?
O que há de errado é que a Era da Mediocridade aboliu a fronteira entre a ficção e a realidade.
No Brasil Maravilha que Lula inventou e Dilma administra, a vida é decididamente uma beleza.
Lá o trem-bala deslumbra passageiros, maquinistas e plateias às margens dos trilhos desde setembro de 2010.
Lá a pobreza é uma lembrança tão longinqua que os pobres já nem se lembram dos tempos em que faltava dinheiro para comprar passagens de avião.
Lá há aeroportos de sobra.
Só São Paulo tem três.
O terceiro começou a tomar forma em 20 de julho de 2007, na entrevista coletiva em que a Mãe do PAC anunciou a descoberta da fórmula para acabar com apagões e desastres aéreos.
“Determinamos a construção de um novo aeroporto e a expansão dos já existentes.
Os estudos ficarão prontos em 90 dias”, acelerou já na largada do falatório.
Passados quase quatro anos, Congonhas e Cumbica estão na ante-sala do colapso e o terceiro aeroporto não existe.
Nem por isso a candidata do PT ficou ruborizada ao incluí-lo no balaio de promessas despejadas durante a campanha.
Daqui a três anos, tampouco estarão prontos os aeroportos que transformariam a Copa do Brasil na oitava maravilha do universo.
Só serão vistos nas maquetes exibidas por Lula e Dilma no horário eleitoral.
O padrinho e a afilhada seguirão vendendo miragens até que a maioria dos brasileiros compreenda que o padrinho e a afilhada, há oito anos, escondem a indecorosa nudez administrativa com fantasias que fundem muita propaganda, muita discurseira e muito cinismo.
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