Por Mary Zaidan
No blog do Noblat
Um dia depois de o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), afirmar que o Congresso “corre risco quando o governo perde”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília aludindo à possibilidade de “crise institucional de consequências imprevisíveis”.
Mesmo ditas em contextos diferentes, as frases convergem para o mesmo lugar: a lama no poço.
E em um buraco muito, mas muito mais fundo do que se poderia imaginar.
Fora as façanhas não explicadas que permitiram ao ministro Antonio Palocci multiplicar espetacularmente o seu patrimônio e a inabilidade com que o governo trata seus partidários e aliados, a que crise se refere Lula?
E Vacarezza?
A que riscos se remetem esses expoentes do petismo?
Afinal, à exceção da Presidência da República, ocupada por uma mandatária inapetente para a política, que se esconde e esconde as peripécias de seu ministro e prefere viver à sombra do ex, não há nada no Judiciário e no Legislativo – mesmo que este tenha pouco apreço por si - que aponte para uma crise institucional.
Todos os atores estão cansados, exaustos de saber que a crise que embaraça o governo em seu quinto mês nada tem a ver com a estabilidade das instituições.
Tem coração e alma no Planalto e é irrigada com sangue do PT e do PMDB.
A crise ao governo pertence, foi por ele consentida e só ele a alimenta.
Não adianta tentar socializá-la.
E poucas serão as chances de contorná-la se Dilma não começar a fazer política, ainda que a fórceps.
Assim sendo, o sucesso da fórmula de taxar as denúncias como “terceiro turno”, intriga da oposição ou da imprensa, pode não se repetir.
A receita sempre funcionou para Lula.
Mas não é ele, para a tristeza dele, que preside o país.
Ainda que Lula protagonize o absurdo de comandar a República como fez na última semana, agora não será tão fácil inverter os fatos, ludibriar, mentir.
Está claro também que o tempo nem sempre é um aliado confiável para contornar dissabores.
Ao contrário de aliviar, a cada minuto que passa a pressão aumenta.
Não há como tergiversar, para usar um termo do agrado da presidente.
Mais cedo ou mais tarde, Palocci terá de falar.
E não a portas fechadas, como fez para os senadores petistas.
Não só por escrito, como fez para a Procuradoria Geral da República e pretende fazer para o Ministério Público Federal.
Mas à nação.
Sem o que pode se colocar em risco a instituição Presidência da República.
Aí, sim, com conseqüências imprevisíveis.
Ou previsíveis. Talvez seja esse o temor.
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