Nota do Instituto Teotônio Vilela
Onze dias depois de revelado o espetáculo do crescimento do patrimônio do ministro Antonio Palocci, Dilma Rousseff saiu do armário ontem para defendê-lo.
Não foi, convenhamos, uma defesa das mais enfáticas; as atitudes e os argumentos usados foram canhestros.
A presidente da República portou-se como boneco do ventríloquo Lula.
Dilma só fez reproduzir os mesmíssimos argumentos que o ex-presidente pôs para circular no mundo político nos últimos dias.
Seguindo a velha tática diversionista do PT, culpou a oposição pela revelação de que seu ministro da Casa Civil ficou milionário quando era deputado.
Acusou os oposicionistas de "politizarem" o caso.
Nada que corresponda à realidade.
A presidente da República usou ontem mesmíssimas frases empregadas por seu chefe de gabinete dois dias antes.
Tanto quanto seu subordinado, ela agiu a mando de Lula, chancelando a leitura corrente de seu apequenamento precoce no cargo mais importante da República.
Disse ela ontem, segundo O Globo:
"Agora se negam a discutir o vazamento dos sigilos e só querem discutir o conteúdo dos sigilos".
Dissera Gilberto Carvalho na terça-feira:
"Em 2010 houve a quebra de sigilo dos dados de familiares de [José] Serra e o foco do noticiário foi a quebra de sigilo em si, e não o conteúdo.
Agora é tudo para o conteúdo e nada para a quebra de sigilo".
Será que Dilma não tem um pingo de luz própria?
Será que, a cada crise, precisará chamar o síndico para dar bronca nos vizinhos do condomínio de poder?
Recusará a dar transparência à administração, usando as mesmas manobras que notabilizam seu partido?
Em sua primeira manifestação após a divulgação de que o patrimônio de Palocci multiplicou-se - na melhor das hipóteses - por 20 em quatro anos, a presidente sequer se comprometeu com a integridade do seu principal ministro.
Ela afirmou apenas assegurar que ele "está dando todas as explicações necessárias".
A quem?
Até agora, a única coisa que Palocci fez foi divulgar uma nota na qual dizia que fez o mesmo que outros fizeram - sem considerar que a condição dos outros não era a de todo-poderoso junto ao governo de plantão.
Ontem, na "defesa" que apresentou aos senadores, também confirmou que, sim, foi muito bem pago para dar conselhos a ricaços quando era deputado.
A presidente acusou a oposição de estar buscando um "terceiro turno", politizando o caso.
Nada mais falso.
O que a oposição fez até agora foi tentar investigar - coisa que o governo fez de tudo para impedir.
"Cada requerimento negado, cada CPI sepultada é um tijolo a mais no edifício da suspeita", escreve Fernando Gabeira no Estadão.
Ressalte-se que as revelações sobre o show dos milhões de Palocci foram feitas pela imprensa e nunca foram negadas por ele.
"As duas revelações fundamentais do novo caso Palocci - a compra multimilionária de imóveis e a colheita gênero megassena logo em seguida à eleição de Dilma - foram publicadas pela Folha e elaboradas como notícias objetivas.
Sem qualquer extrapolação excedente aos fatos", comentara Janio de Freitas ontem na Folha de S.Paulo.
Na realidade, para tentar se defender o governo começou a praticar nesta semana um expediente típico de quem está metido em enrascada, o chamado "spin".
É uma forma de torcer a informação de forma a torná-la conveniente a seus interesses.
Como estava encurralado, sob fogo de seus próprios "amigos", o governo passou, dia após dia, a tentar desviar o foco para a oposição.
(...)
Como se vê, o caso cresce - e não é por culpa da oposição, mas dos fatos.
Dilma Rousseff demorou a dirigir-se à nação num episódio da mais extrema gravidade.
Quando o fez, dedicou-se muito mais a confundir do que a explicar.
Fez, ela sim, politicagem.
Lançou acusações vazias, portou-se como se estivesse em cima de um palanque.
Fez tudo como mandou o chefe e reforçou a percepção de que sua vocação é ser sempre teleguiada.
Íntegra AQUI.
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