Por: Folha de S. Paulo
Eleonora de Lucena
A desindustrialização no Brasil avança.
O país está regredindo.
Não basta ter uma política industrial.
É preciso mexer no câmbio e reduzir muito os juros.
O diagnóstico é do economista Wilson Cano.
Nacionalista e admirador de Celso Furtado, Cano tem sua vida acadêmica ligada à história da Unicamp.
Doutor e livre-docente em economia, hoje aposentado, ele é professor voluntário na Universidade.
Autor de diversos livros sobre desenvolvimento industrial, Cano está pessimista.
Sente falta de empresários com visão estratégica e critica o modelo que "está exterminando o futuro", diz.
Prevê o fim da farra dos altos preços das commodities, já que a China constrói novas fontes de abastecimento.
Para ele, o Brasil erra como uma cigarra que canta com música chinesa.
Leiam alguns trechos que mostram a gravidade da situação em nosso país, mascarada pela eficiente propaganda oficial, e a íntegra AQUI.
A estratégia deles é ganhar dinheiro lá fora pegando o dinheiro do BNDES para matar boi nos EUA.
Os empresários estão preocupados em ganhar dinheiro com dólar barato.
Fazem negócio lá fora ou simplesmente aplicam no sistema financeiro.
Com essa taxa de juros, quem tem o dinheiro aplica no mercado financeiro sem ter que se preocupar com trabalhador, processo produtivo, imposto.
E o que deve ser feito?
O próprio ministro do Desenvolvimento disse a empresários que não tem jeito.
Parece ser um governo conformista.
O nacionalismo está meio fora de moda.
Isso compromete o futuro?
Sim, porque estamos cantando como uma cigarra.
Estamos cantando com a música chinesa.
Cantando por exportar galinha e soja e minério de ferro.
Mas isso nunca deu futuro a ninguém.
As lideranças aceitam que é muito bom ficar exportando essas coisas, mas esquecem da regressão industrial.
Mas o país não está menos vulnerável?
Estamos cantando que diminuímos a nossa vulnerabilidade externa porque temos reservas internacionais de U$ 300 bilhões e a dívida externa pública diminuiu.
Mas a privada aumentou.
Temos reservas, mas temos mais de U$ 350 bilhões de investimento estrangeiro em carteira que podem rapidamente se mobilizar e sair do país.
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