Felicidade Relativa

Relativizar nos remete à ideia de que todas as "verdades" são válidas.
Adeptos do relativismo transformam assassino em herói, beócio em líder, assaltante em autoridade e mentirosos em santos.
Quantas obras de ficção retratam fatos reais com um enredo tão sedutor que induzem o espectador a "torcer" pelo criminoso?

Os malabarismos contábeis produzidos pela equipe econômica do governo federal conseguem relativizar até a matemática.
Podemos constatar o absurdo de se anunciar superávits para pagamento de "JUROS" da dívida pública como se isso trouxesse algum benefício para a população que, estranhamente, sente-se orgulhosa de poder pagar "JUROS" de uma dívida que se multiplica.
Superamos até os Estados Unidos, garantimos o pagamento aos credores e as congratulações do FMI (Fundo Monetário Internacional), tão demonizado em outros tempos.

A inundação de dólares, que sustenta a nossa capacidade de investimentos em bases falsas, garantiu até a vitória na última eleição.
Qualquer reviravolta na economia mundial, especialmente nas taxas de juros que atraem esse capital para a especulação, nos coloca numa situação extremamente vulnerável, pois há informações recorrentes de que não temos poupança interna.

O mesmo acontece com a euforia do aumento do número de obras e investimentos.
O povo desavisado aplaude, nem se importa com denúncia de desvio de dinheiro público, superfaturamento, "paternalismo" do BNDES, entre outras irregularidades, como a que foi publicada em O Globo:

Carla Rocha e Ruben Berta, O Globo

A emergência tem sido uma aliada fiel da Delta Construções no estado.
Uma das empreiteiras com mais contratos com o governo estadual, a empresa foi contemplada somente este ano, até este mês, com R$ 58,7 milhões para a realização de obras, sem que tivesse que participar de concorrências públicas.

De 2007 até hoje, a construtora acumula contratos - com e sem concorrência - de R$ 1 bilhão com o estado.
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Enquanto isso, o trabalhador que aplaude o entusiasmo dos noticiários deve estar muito satisfeito com seus salários:

Saia de casa com ele
(Claudio Humberto)

Bombeiro do Rio, R$ 960;
médico, R$ 1,2 mil;
professor, R$ 728;
deputado, R$ 26,7 mil.
Marcha contra a desigualdade: não tem preço.