Por Reinaldo Azevedo
O desmonte da farsa intelectual que tentou apagar da história do Brasil o grande governo do presidente Fernando Henrique Cardoso está só no começo.
Será um trabalho, infelizmente, um tanto lento porque a vigarice foi longe e contaminou todas as esferas do debate: a imprensa, o pensamento, as escolas.
O elogio da mentira e da ignorância a serviço da ideologia mais rastaqüera se espalhou como praga.
Vigaristas disfarçados de “intelectuais progressistas”, aos quais falta tudo — leitura, vivência e vergonha na cara — procuraram dar alcance acadêmico à sua ignorância ideologicamente orientada.
FHC foi e, felizmente, ainda é um engenheiro de instituições permanentes, que moldaram e moldam a democracia.
Com ele, a sociedade passou a disciplinar o estado por meio de instituições e instâncias livres, como o Congresso, a imprensa, as agências reguladoras, o mercado.
Cada avanço, no entanto, grande ou pequeno, teve de enfrentar a fúria bucéfala do petismo, que quer o estado sufocando a sociedade.
Tivessem os petistas vencido a batalha, o país não teria conhecido o Plano Real — votaram contra;
- a universalização do ensino fundamental — combateram o Fundef;
- disciplina nas contas públicas — recorreram ao STF contra a Lei de Responsabilidade Fiscal;
- a rede de assistência social — tachavam os programas hoje chamados de “Bolsa Família” de esmola;
- a universalização da telefonia e a expansão da economia da informação — combateram a privatização da Telebras;
- a quase auto-suficiência no petróleo e a chegada ao pré-sal — opuseram-se à quebra do monopólio da Petrobras, que permitiu que se chegasse lá.
No governo, os petistas se aproveitaram, claro!, de cada uma dessas conquistas e tiveram o bom senso de não tentar voltar atrás.
Mas também não souberam dar continuidade à grande obra.
A sua relação com o capital privado deixou de ser institucional para ser de compadrio.
Exaltando as glórias do estado e satanizando as privatizações, o PT permitiu que a infra-estrutura do país mergulhasse na obsolescência, como evidenciam hoje os nossos aeroportos, portos e estradas.
Não obstante, alguns “escolhidos” do petismo passaram a contar com favores do Estado.
Estão aí hoje os “eleitos” do BNDES.
A estabilidade mundial, o crescimento da China e a valorização brutal das commodities permitiram ao PT o reforço substancial da assistência social e a organização de uma economia fortemente ancorada no consumo interno.
Mas não se viu, nesse tempo, uma só avanço institucional.
Ao contrário: o que se tem é regressão ao tempo em que o Estado escolhia os vitoriosos; em que ser amigo do rei era condição para o acesso a empréstimos a juros subsidiados.
No governo FHC, o BNDESPar emprestava dinheiro a empresas que investiam em infraestrutura, e isso era considerado um crime; no governo petista, o mesmo BNDESPar se oferece para financiar fusão de supermercados, e o petismo afirma que isso representa uma revolução nacionalista.
Os vigaristas continuam ativos, como se sabe.
Estão em todo canto, muito especialmente na Internet, parte deles financiada com dinheiro estatal — mais uma forma de apropriação do público pelo privado.
Aqueles setores da imprensa e do colunismo que ajudaram a construir a farsa petista ainda resistem.
Daqui a pouco, vem 2012, e o Apedeuta, candidato em 2014, subirá em palanques nos quatro cantos do país para reciclar a mesma ladainha de mentiras, de ódio, de ressentimento, de ignorância, tudo aquilo que serviu para o petismo construir uma teoria de poder.
Não por acaso, ele se negou a enviar simples “parabéns” ao antecessor!
O Babalorixá espera fazer 80 anos um dia para dizer: “Nunca antes na história destepaiz alguém fez 80 anos como eu!”
Quero dizer com isso que a mistificação vive apenas um momento de trégua; está um tanto recolhida para voltar às ruas em breve.
O desmonte intelectual da farsa petista já teve início, mas haja trabalho!
A máquina de produzir mentiras é rica, poderosa e persistente.
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