quarta-feira, 8 de junho de 2011
Lágrimas que falam
O Brasil ouviu, no dia de hoje, um discurso emocionado de uma presidente da República visivelmente abatida.
Como explicar, então, a imagem contraditória que expõe a autoridade máxima do país tão fragilizada em contraste com a alegria incontida da sucessora de Palocci?
O comentário geral é de que, sem o ministro, o governo se livra de um problema imediato, mas se enfraquece perante seus aliados e a opinião pública.
Será que os petistas contaram com isso quando resolveram abandonar o companheiro de partido?
Senadores petistas nem aceitaram assinar um documento de apoio ao ministro.
A novidade é que, até então, sempre que surgia uma denúncia contra o governo ou contra algum correligionário tratavam logo de transferir a culpa para quem supostamente seria responsável pela denúncia, como tentaram fazer insinuando o vazamento do sigilo de Palocci pela prefeitura de São Paulo.
As autoridades paulistanas agiram de forma transparente, colocaram-se à disposição para qualquer investigação e a artimanha foi por água abaixo.
Voltando ao dilema da fotografia, jornalistas renomados têm estranhado as investidas da senadora que assumiu a pasta contra o então ministro, enquanto petistas e peemedebistas se desdobravam para defendê-lo.
A própria Gleisi teria solicitado à presidente, durante um almoço, que demitisse Antonio Palocci.
Contundente, tanto é que tem fama de “trator”, tem dito que o erro de Palocci é mais grave que o de José Dirceu - "pelo menos o mensalão foi pro bem comum", argumentou.
Muitos supunham que o interesse seria porque o marido estava cotado para assumir a vaga.
Eis que ela própria é a escolhida e, como sempre, a midia divulga a pauta do PT de que teria sido decisão solitária de Dilma e que o ex-presidente nem havia concordado com a saída de Palocci.
Com isso, passa a ideia de que Dilma marca posição de independência, mesmo que todos saibam dos telefonemas diários entre ambos e da presença do poderoso José Dirceu em Brasília, que está até causando fila no hotel para visitação dos bajuladores.
A jornalista Dora Kramer comentou no twitter que a versão de que Dilma retomou as rédeas e decide ao arrepio de Lula interessa ao governo, mas nao traduz a realidade.
Talvez, por esse motivo, o semblante tão triste e a voz embargada de quem deveria estar satisfeita com esse passo importante.
Mas uma coisa eu garanto, milhões de brasileiros têm muito mais razões para a tristeza.
E por esse povo sofrido não vemos nenhuma comoção tão sincera.
Texto publicado no blog das Crocantinhas Superpoderosas
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