Por Marcos Pontes
A desfaçatez é assustadoramente enojante.
Quem acompanha a política mais pelas entrelinhas das notícias do que pelas manchetes já sabia que a queda de Palocci era inevitável, o nó estava em como fazer isso maculando o mínimo possível a imagem já não muito alva da presidente e de seu governo além do que já se previa.
E aí é que abriu-se o balcão de negócios.
A imprensa, cheia de especialistas, fontes nos palácios e analistas renomados, se limita a reproduzir as informações oficiais.
Raros são aqueles que contam, embora por alto, o que rolava nos corredores, linhas telefônicas e cantinhos escuros dos gabinetes dos envolvidos direta ou indiretamente na crise.
Enganar as massas é missão dos políticos, ajudar nessa missão é papel investido pela imprensa conivente e covarde.
Insustentável, ocupante da segunda cadeira mais importante e desejada dessa República, Palocci tornou-se alvo dos oposicionistas oficiais, oposicionistas entre aliados e a opinião pública – a que se informa, pelo menos.
(...)
Não se sabe de quem foi a idéia de colocar a Procuradoria Geral da República no circuito. Provavelmente de Lula, generalzinho que conhece bem os caminhos e descaminhos, que tem o procurador na algibeira do colete.
Talvez o próprio Palocci, que de bobo não tem nada, e participou ativamente de toda a armação.
Ele sabia que sairia, apenas queria sair sem quebrar pratos.
Na véspera do anúncio da demissão, na segunda-feira, sai o comunicado que a PGR não investigaria o ministro e sua suspeitíssima riqueza instantânea.
A senha estava dada.
Com a garantia de que não ficaria na ponta da faca do governo, poderia sair como se fosse vontade sua.
(...)
Quanto a Palocci?
Bom, este saiu ganhando.
Não vai ser investigado, não será sabatinado pelos colegas deputados, voltará à sua consultoria ainda contando com informações cocheira e deverá multiplicar sua fortuna vinte vezes nos próximos quatro anos.
Logo, logo poderá estar tão rico quanto Lula ou Zé Dirceu.
O Brasil ganhou com sua saída?
Não necessariamente.
Põe-se um pano quente no escândalo, a imprensa muda de foco, a nova ministra agradará à imprensa canina e todos faremos de conta que tudo voltou à normalidade, como se a política nesse país e, principalmente no PT, algum dia foi norma.
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