terça-feira, 5 de julho de 2011
Inflação tem peso diferente para cada classe de renda
Folha.com
A representante de vendas Claúdia Bocault não precisou ver os números da inflação para apontar rapidamente o que tem aumentado de preço nos seus gastos.
"Comer fora ficou mais caro", diz.
Com uma renda superior a dez salários mínimos por mês, ela afirma que o supermercado não é território do grosso das suas despesas.
"Moro sozinha, não compro produtos básicos, como arroz e feijão.
Mas percebi que a gasolina está ficando mais cara", conta.
A Folha acompanhou três consumidoras, na última semana, em São Paulo.
O objetivo era anotar o que, na lista de compras de cada uma delas, tinha subido de preço.
A avaliação era feita pela própria consumidora, numa espécie de medição do que seria a sua inflação pessoal.
Bocault consome itens importados e percebeu que esses produtos, como vinho e azeite, estão mais em conta.
CARNE MAIS CARA
A atriz Elvira Roethig, 56, diz que sente o aumento dos preços no supermercado.
A renda da família é inferior a R$ 3 mil mensais.
Ela tem um consumo que se poderia chamar de racional.
Compra o que acredita ser indispensável em casa.
Mas só leva em maior quantidade o que percebe que está barato.
"É um investimento."
Nas despesas do mês, ela percebeu que os remédios para controlar a pressão ficaram mais caros.
A vendedora Angélica Santos, 30, mora sozinha em Barueri (SP).
Todos os dias, pega ônibus e trem para chegar ao trabalho, na zona oeste de São Paulo.
"Gasto muito com transporte e com aluguel.
E os dois subiram", conta a vendedora.
Integrante da classe D/ E, Angélica raramente come fora.
Leva marmita para o trabalho.
A carne sumiu do carrinho no ano passado.
"Virei vegetariana, não faz falta", conta.
Ela vai quase todos os dias ao mercado, atrás do melhor preço.
"Ontem, eu olhei o macarrão instantâneo e não comprei.
Estava caro.
Hoje, achei mais barato e comprei".
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