BBC Brasil
O modelo de crescimento econômico brasileiro estabelecido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) pode estar chegando ao seu limite, segundo adverte reportagem publicada nesta quarta-feira pelo diário econômico britânico Financial Times.
"Mesmo com o Lulismo sendo enaltecido pela América Latina como uma possível solução para os problemas centenários de desigualdade e crescimento atrofiado no continente, há temores de que ele está chegando ao seu limite no Brasil", afirma o jornal.
O 'lulismo' é definido pela reportagem como o modelo que combinou a concessão de benefícios sociais, fácil acesso ao crédito e a manutenção de uma economia estável.
A reportagem lista sinais de alerta levantados por analistas, como o risco de uma bolha de crédito, a baixa taxa de investimentos, o fortalecimento do real ou a forte dependência da exportação de commodities a cotações elevadas, mas comenta que há também "vozes mais otimistas que rejeitam tais previsões".
A reportagem comenta que "Lula entregou a Dilma uma economia fragilizada por desequilíbrios", como o crescimento acelerado das importações, financiadas pelo fluxo de divisas gerado pela venda de commodities ao exterior a preços inflados.
Outro problema apontado é o risco de inflação, controlado por meio do aumento das taxas de juros, que por sua vez ajudam a pressionar pela valorização da moeda brasileira, reduzindo a competitividade da indústria nacional.
O jornal observa que "parte da inflação vem do crescimento rápido do crédito, particularmente empréstimos ao consumidor" e comenta que há análises divergentes sobre o risco do estouro de uma bolha de crédito no Brasil.
Segundo a reportagem, economistas sugerem que para compensar a perda de ímpeto do crescimento do crédito ao consumidor, o Brasil "deve aumentar os investimentos em infraestrutura e em educação para aliviar os gargalos em logística e aumentar a produtividade".
Apesar da previsão de investimentos da ordem de bilhões de dólares em infraestrutura por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o jornal diz que "os progressos até agora têm sido lentos".
A reportagem comenta ainda que a melhor maneira de financiar os investimentos é aumentando a eficiência do setor público, que se expandiu durante os dois governos Lula para chegar a um tamanho equivalente ao verificado nas economias avançadas, mas sem o mesmo nível de produtividade.
A necessidade de reformas no sistema de previdência e nas leis trabalhistas, porém, parecem pouco prováveis, segundo o jornal, por causa das dificuldades políticas em controlar uma coalizão governista com dez partidos.
"O governo de Dilma terá que mostrar como planeja aumentar o investimento e ao mesmo tempo reduzir a dependência da economia dos preços voláteis das commodities e de consumidores sobrecarregados", diz.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário