sexta-feira, 8 de julho de 2011

Montanha-russa

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

No governo José Sarney o nome do presidente era sinônimo de crise.
Ficou famosa frase do então senador Fernando Henrique Cardoso - "a crise viajou" - numa ocasião em que se referia à ausência dele do País.

Em circunstâncias distintas Dilma Rousseff vai cumprindo o mesmo destino.
Diferença fundamental é que Sarney governava em ambiente de inflação alta, economia desorganizada, vaivém de planos econômicos e um Congresso Constituinte todo-poderoso, protagonista absoluto da cena política e social.

O que seria uma vantagem, na comparação, acaba contando pontos contra a presidente, que conta com estupenda maioria na Câmara e no Senado, fundamentos da economia postos, popularidade alta e oposição desarticulada.
Em tese, portanto, Dilma teria tudo para governar com relativa tranquilidade, em ambiente de brandura.

Na prática, porém, o que se vê é um permanente alvoroço.
Em seis meses desde a posse há no País crises demais e governo de menos sob a gerência de Dilma.

(...)

Não obstante as condições favoráveis, o que se tem é uma rotina preocupante de avanços inúteis e recuos desnecessários.
(...)

Demitido ontem em função do surgimento de novas provas de corrupção na pasta, Alfredo Nascimento esteve por dois dias como cadáver insepulto que 48 horas antes figurara em nota oficial da Presidência como merecedor de "toda a confiança" por parte da chefe do governo.

Dá a impressão de que ou o governo não tem todas as informações ou não se dispõe a usá-las, a menos que saiam na imprensa.

Se o plano original era demitir, e era, pois do próprio Palácio do Planalto saiam informações de que Nascimento não emplacaria o fim de semana no cargo, por que a nota?
Por que a expressão de confiança, por que o titubeio?

Para nada, a não ser para aumentar a nada lisonjeira série de mandos e desmandos de uma presidente a caminho de consolidar a suspeita de que não fazia a mais pálida ideia do que a esperava quando aceitou se candidatar à Presidência sem experiência real de poder, desprovida da compreensão de que o trato competente da política numa democracia não é uma escolha. É um imperativo.
Íntegra AQUI.

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