Por Raul Christiano
A oposição tem uma representação menor no Congresso Nacional, quando se fala em quantidade.
Hoje, PSDB, DEM, PPS e PV contam com cerca de 120 parlamentares na Câmara dos Deputados, enquanto o rolo-compressor, comandado pelo PT e PMDB, detém 393 deputados federais.
A democracia proporcionou esse cenário nas eleições de 2010, mas a atual conjuntura, que exige decisões que importem um país mais transparente e justo, pode não ser modificada por causa do rumo avassalador do governo PTista, que herdou um passivo de comportamentos duvidosos desde Lula e que, aos poucos, a sociedade só conhece graças às vozes firmes de Duarte Nogueira (deputado federal, líder do PSDB), Álvaro Dias (senador, líder do PSDB), Antonio Carlos Magalhães Neto (deputado federal, DEM) e Roberto Freire (deputado federal, PPS).
No encerramento do primeiro semestre da atual legislatura, PMDB e PT protagonizaram uma cena que beira à piada de salão, ao encomendar e exibir um bolo com os bonecos de Dilma Rousseff e Michel Temer, comemorando a aliança de amor grande e profundo.
Ora, bem sabem os cidadãos indignados deste país, que a melhor imagem seria a de uma pizza rotunda, que os dois partidos assam permanentemente no Congresso Nacional, quando não estão evitando investigações ou aprovando procedimentos que fragilizam ainda maior o espírito republicano de conduta das autoridades do governo federal.
Durante o governo Lula, já não faltaram tentativas para cercear as liberdades democráticas e a transparência.
Vale relembrar a mordaça que tentou implacar no Ministério Público, a criação do Conselho de Federal de Jornalismo, a limitação das ações do Tribunal de Contas da União, o controle dos conteúdos dos meios de comunicação e o abrandamento das investigações sobre o mensalão da Casa Civil comandada pelo deputado federal cassado, José Dirceu.
Poucos meses depois da sua posse na presidência da República, Dilma Rousseff quis o sigilo para as licitações de obras para a Copa do Mundo de Futebol e o sigilo eterno para os documentos sobre ações e iniciativas de pessoas e decisões do governo.
Nenhuma atitude foi tomada até agora pela transparência da coisa pública e muito menos para a Reforma Política, questão que a sociedade vê como fundamental ao aprimoramento das instituições democráticas no Brasil.
Com maioria folgada no Congresso Nacional, aos brindes com bolo sabor de pizza calabresa, a presidente da República ainda não ousou patrocinar uma discussão mais séria sobre temas favoráveis à sociedade.
A Reforma Política, por exemplo, a cada ano de atraso serve para desgastar ainda mais a credibilidade dos políticos.
Leio a intenção crescente do voto facultativo, justamente porque o voto vem perdendo a importância como fator e expectativa de mudança.
Pior para o Congresso Nacional, que acaba recepcionando uma elite política divorciada da realidade, cegamente favorável a um governo que dificilmente será capaz de romper compromissos deixados de herança por Lula.
Aliás, nunca antes na história deste país, e os dados e contradições atuais confirmam isso, houve uma herança tão verdadeiramente maldita.
Essa comemoração entre parlamentares lulodilmoPTistas precisa servir de alerta à sociedade brasileira.
A sua desmobilização e a desimportância que ela dá ao Congresso Nacional servem para descomprometer os seus representantes, das necessidades e dos avanços que o Brasil poderia ter.
Como bem disse José Serra, “uma coisa é composição política, em função de programa de governo.
Outra é entregar cargo$ para faturamento!”
Esse bolo não nos pertence, desse banquete queremos distância!
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