Temor de superaquecimento e expansão do crédito aumenta no exterior
Resistência Democrática
O possível superaquecimento da economia brasileira e a suposta bolha de crédito no país tomaram conta do noticiário internacional e já inquietam investidores estrangeiros.
O sentimento em relação ao país está mudando, avaliam analistas.
"A lua de mel dos investidores com o governo Dilma acabou", diz Paulo Vieira da Cunha, economista e sócio da Tandem Global Partners e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central.
"Existia a expectativa de que Dilma acabaria com abusos do fim do governo Lula na política econômica, mas não houve correção."
O jornal britânico "Financial Times" publicou pelo menos 12 reportagens, textos em blog e artigos sobre o perigo da "bolha de crédito" nos últimos dez dias.
Um artigo chegava a falar em "crise de subprime" no Brasil.
Na sexta-feira, o jornal dizia que a economia brasileira "é como bicicleta: funciona enquanto continuar andando".
"Mas agora [a bicicleta] está bamba", advertia.
A revista britânica "The Economist" disse que o Brasil está entre os sete países com maior risco de superaquecimento, junto a Argentina, Hong Kong, Índia, Indonésia, Turquia e Vietnã.
E a nova diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, alertou para riscos de superaquecimento e inflação nos país emergentes.
Um administrador de hedge fund diz que os estrangeiros estão comprando a história de bolha de crédito e reduzindo a exposição ao Brasil.
Um sintoma seria a queda de ações de bancos brasileiros.
Após a crise de 2008, o Brasil se tornou um "superqueridinho" dos investidores por sua recuperação rápida.
Naquela época, lembra o administrador, ninguém fazia muitas contas para por o dinheiro no país.
A virada, o fenômeno de "vender Brasil", começou no início do ano e se reforça agora.
Não há sinais de consenso entre os bancos em dizer que os papéis do país estão baratos e é hora de voltar a recompor sua exposição.
Muitos estrangeiros querem ver resultados concretos do combate à inflação e saber até onde vão a inadimplência e a responsabilidade fiscal para investir no Brasil.
"Os estrangeiros muitas vezes não têm ideia de que crédito ao consumidor no Brasil cobra juros médios de 46% ao ano.
O consumidor brasileiro está chegando no teto de seu endividamento", diz Tony Volpon, chefe de pesquisas de emergentes da Nomura Securities.
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