segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Adeus à faxineira

Por Ricardo Noblat


Uma vez que Dilma se elegeu na base do votem em mim que Lula não pode ser candidato de novo, era preciso em seguida – e para seu próprio bem - conferir-lhe atributos e pretensões de modo a distingui-la do seu padrinho político.
Afinal, governo de continuidade não deve ser necessariamente igual a governo que passou.

Mais imaginação, senhores!

Diferenças de método, de estilo e de temperamento foram então exaltados para beneficiar a primeira mulher eleita presidente da República do Brasil.
Nada mais justo.


Lula falava demais. Dilma, de menos.
Silêncio é ouro. Palavra é prata.
Quem fala pouco costuma refletir melhor sobre o que diz.

Ponto para Dilma.
(...)

No governo ora em curso, a mão pesada de Dilma evitava a anarquia.
Quem não se enquadrasse por bem acabaria enquadrado de qualquer jeito.

Ponto para a presidente. Nada como ter no comando uma boa executiva.
(...)

Quanto ao destempero da presidente... Como negá-lo?

* O general empalideceu ao ser despejado do elevador privativo do Palácio do Planalto.

* Os olhos aflitos do então ministro Antonio Palocci temeram a aproximação ameaçadora dos dedos indicadores de Dilma.

* Sem tempo de chegar ao banheiro, uma assessora dela fez pipi na roupa.

O destempero virou coragem.

Histórias de uma presidente que não teme ninguém e que todos temem acabaram turbinando a imagem da zeladora intransigente com o erro e a roubalheira.

Foi aí que as circunstâncias e o marketing pariram a “faxineira ética”.

Muitos pontos para Dilma. Até que...

Ate que a faxineira se aposentou sob a pressão de aliados enfurecidos e incomodados por ela.

Constatou-se que a política externa permanece a mesma.
E que a executiva centralizadora serve antes de tudo para tirar a iniciativa de sua equipe.

Que Dilma queira ser um Lula com autoridade redobrada, nada a opor.
Que tente ser Lula e Dilma ao mesmo tempo...

Menos!

Dilma lembra a presidente executiva de uma grande empresa recém-promovida a presidente.
Não tem mais de meter a mão na massa como antigamente. Não deve meter.
Cabe-lhe tomar as decisões mais importantes e desenhar o futuro da empresa.

Ninguém poderá substituí-la nessa tarefa - entende, dona Dilma?

Nas outras há candidatos à beça.

Um comentário:

  1. Há um grupo de senadores éticos apoiando a faxina, a oposição apóia a faxina, a população aplaude a faxina, a midia incentiva a faxina.
    Do outro lado estão os corruptos que Lula colocou no poder, no comando dos Ministérios, das estatais, dos fundos de pensão e por aí vai.
    A hora é agora, o melhor momento para resolver isso de uma vez por todas.
    Tudo depende da coragem da presidente.
    Qual lado escolherá para governar?

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