Este homem foi se encontrar com Lula, o “presidente do B”; trata-se de uma agressão óbvia à República, ao estado de direito e, como é óbvio, à autoridade de Dilma Rousseff
Por Reinaldo Azevedo
O ministro da Educação, Fernando gugu-dadá Haddad, tinha uma desculpa para se encontrar ontem com Luiz Inácio Apedeuta da Silva.
Mas me digam: o que fazia o advogado-geral da União — o Adams, da Família Luis Inácio — em reunião com Lula?
Questionado sobre a realização do encontro no instituto de Lula, Adams disse que sempre que precisa falar com ele vai até lá. ‘Eu procuro mantê-lo informado dos processos que correm e nos quais ele é parte’, afirmou.
O lugar de Adams é a rua.
E já! Não depois — e sei que não vai acontecer.
Nunca antes na história destepaiz um advogado-geral da União manteve “atualizado do quadro geral” um sujeito que é, no que diz respeito à lei, um cidadão comum, sem qualquer poder extraordinário, com quem não cabe dividir questões que digam respeito ao estado brasileiro.
Ademais, o Lula indivíduo não é parte de processo nenhum que seja da alçada de Adams.
Se é, trata-se do então presidente da República, que era uma figura institucional.
Para as questões mundanas, o Apedeuta dispõe, entre outros, do compadre Roberto Teixeira.
Lula é hoje um palestrante, uma espécie, assim, de consultor da iniciativa privada.
Já passou há muito a casa do milhão de reais só na base da saliva.
Por mais que não lhe seja difícil obter informações privilegiadas — e ninguém é tolo o bastante para achar que ele tenha perdido o controle da máquina —, a ida de Adams a seu escritório é uma demonstração vergonhosa de submissão e sabujice.
Trata-se de uma óbvia agressão aos princípios republicanos do estado de direito.
O ideal seria que os dois não mantivessem conversas privadas — qual a pauta, afinal?
Mas, se Adams já não se continha de tanta saudade, então o Babalorixá de Banânia, que não é autoridade, que fosse ao encontro do advogado-geral, jamais o contrário.
Lula vive repetindo por aí que Dilma só não será candidata em 2014 se não quiser.
Trata-se de uma forma oblíqua de sugerir que ela não queira.
Esse encontro com Adams é uma prova evidente de que Lula atua para reduzir a autoridade da presidente e deixar claro quem, afinal de contas, se quiser, está no comando.
Como é mesmo?
O nome da doença da política brasileira é Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele faz pouco do estado de direito e se considera acima das instituições.
Se Dilma quiser preservar a autoridade deve mandar Luis Inácio Adams para casa.
Se não o fizer, abre a porta para o baguncismo em seu governo.
Adams já fez coisas espantosas, é verdade.
Uma delas foi justificar a permanência no Brasil do terrorista Cesare Battisti nestes termos:
“Há ponderáveis razões para supor que o extraditando seja submetido a agravamento de sua situação, por motivo de condição pessoal, dado seu passado, marcado por atividade política”.
Matar quatro pessoas, para Adams, é “atividade política”.
Gente assim mata instituições com a mesma ligeireza com que Battisti matava pessoas.
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