quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Jobim e a vontade de falar

Por Fernando Gabeira

A queda do Ministro da Defesa, Nélson Jobim, não me surpreende.
Sempre o considerei muito preparado e estudioso.

Nas primeiras audiências públicas ao se tornar Ministro falava de segurança nacional com muita tranquilidade e uma exuberância de dados.

É uma de suas características.
Estuda muito e tem prazer em transmitir o que aprendeu nas sua leituras.

A entrevista na qual declarou seu voto a Serra foi uma espécie de rompimento.
Já esboçado, quando disse, na comemoração dos 80 anos de Fernando Henrique, que a estupidez estava cada vez mais audaciosa.

Agora, ele disse que Idele Salvatti era fraquinha e que Gleise Hofmann não conhecia Brasília.

É um privilégio que nem a aristocracia intelectual pode desejar: a de estar no governo, e simultaneamente, ironizá-lo.

Com isso, irritou a nova corte em Brasília e não convence às pessoas que se perguntam: se o governo é isso mesmo, por que parmanecer nele?

Fora do poder, Jobim poderá falar a vontade.
Pode ser até que encontre outro adjetivo para Salvatti..

Jobim tornou-se um bom ministro porque estudou as questões da segurança nacional que são bastante complexas para a média dos politicos.

Não precisava talvez usar aquelas fardas de campanha.
Mas entusiasmo juvenil não chega a ser um fator excludente.

Gostaria de saber, caso Jobim caia, como vai ficar aquele plano estratégico de fronteiras.
Estou subindo para a Amazônia para conhecer melhor aquela região da Cabeça do Cachorro.

Ali, o Brasil começará um trabalho conjunto com a Colômbia para monitoramento dos rios que nos unem.

Com Lobão na Energia, Novais no Turismo, não considero ofensivo pedir a Dilma que nomeie alguém que saiba que o Brasil tem fronteiras.
E que possa levar adiante uma política para elas.

Jobim guerreando com a palavras

Da minha parte, vou tentar percorrê-las e documentar o que vejo.
Quando não se está no governo, dizer o que pensa, às vezes,sacrifica amizades, jamais cargos.

Imagino os caminhos mentais que levaram Jobim a definir Ideli Salvatti como fraquinha. Pelo menos, é uma forma de sair em paz.

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