Dilma demite Jobim da Defesa após novas críticas ao governo
Vera Rosa e João Domingos, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Depois de ler a íntegra da reportagem da revista Piauí com o perfil e as declarações do ministro da Defesa, a presidente Dilma Rousseff avaliou que Nelson Jobim ficou numa "posição politicamente insustentável" e decidiu demiti-lo, no final da manhã desta quinta-feira.
Jobim disse à revista que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, é "fraquinha", e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, "não conhece Brasília".
O ministro da Defesa considerou o governo Dilma "atrapalhado" pela maneira como, dois meses atrás, tratou da Lei de Acesso à Informação, promovendo vários recuos ao se posicionar sobre o sigilo dos documentos ultrassecretos - no final, a presidente optou por manter a proposta da Câmara, contrária ao sigilo eterno e permitindo que documentos ultrassecretos tenham sigilo de 25 anos renovado por apenas mais 25 anos.
A outra proposta era favorável a renovar indefinidamente o sigilo.
Dilma ficou irritada como fato de Jobim ter se encontrado nesta quarta-feira, 3, com ela e, na audiência, não ter falado sobre as críticas às ministras.
Antes da audiência, no Planalto, a presidente havia recebido no Palácio da Alvorada, o assessor de Jobim, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino.
Ele não falou com Dilma sobre a reportagem da Piauí.
No início da noite dessa quarta, Jobim ligou para Ideli Salvatti, falou da reportagem e disse que as palavras dele estavam "fora de contexto".
Ideli foi até a presidente e fez o relato sobre o que ouvira de Jobim.
Na manhã desta quinta, quando já estava na Amazônia, a caminho da Tabatinga, Jobim tentou falar também com a ministra Gleisi Hoffmann.
A ministra-chefe da Casa Civil não quis atender Jobim e mandou dizer, depois, pelos assessores, que as opiniões do colega da Defesa eram "irrelevantes".
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