Por Edgar Flexa Ribeiro -
No blog do Noblat
Adhemar de Barros, há quase 60 anos, adotou o mote: rouba, mas faz.
(...)
Brasília é um bom exemplo do conflito.
Juscelino toma posse em 1956.
Quatro anos depois, em 1960, onde não havia nada, já existe e já é a capital da República.
O famoso “moralismo udenista” é expressão cunhada nessa época – e nem por acaso.
Roubou-se muito, segundo consta, para tanto ser feito em tão pouco tempo.
Mas passados 50 anos Brasília está lá, existe.
Seguidas as normas vigentes e os princípios morais – e atendidos aos do ”moralismo udenista” - Brasília ia demorar uma eternidade ou não ia acontecer.
Um erro não se justifica por um êxito para o qual possa ter contribuído.
Mas ver uma coisa dar certo, mesmo com falhas, no mínimo consola.
Parece que o princípio que se quer fazer valer agora é do “rouba e não faz”.
Nos últimos oito anos, alem de valiosos programas de caráter assistencialista, de distribuição de condições de acesso a bens até então negados a parcelas importantes da população - o que trouxe relevantes conseqüências - o que se vê mais?
Do governo Lula não sobra mais nada.
Ao “moralismo udenista” sucedeu a “armação petista”: somos paulistas, fomos eleitos, somos populares, nós podemos.
E podem: aloprados, mensaleiros, e agora toda quadrilha que floresceu acobertada na satrapia dos transportes.
Não há uma estrada pronta, não há um projeto nacional, não há visão de futuro.
Oito anos se passaram.
E até hoje as propostas parece que surgem a partir das oportunidades que oferecem para melhor aproveitar do poder.
O trem bala e a transposição do rio São Francisco são alguns exemplos de fracassos nacionais que enriquecem a poucos.
E a bandalheira se esparramou sobre o país, sem que se possa apontar uma única realização concreta de todos os projetos anunciados.
E aí entra tudo: o PAC, e tudo mais de que se ouve falar – e não se vê acontecer.
Vale tudo, vale qualquer coisa.
O PT perdeu seus melhores quadros, e estraçalhou as bandeiras que o levaram ao poder.
Domesticou os segmentos que poderiam se opor, e no que pode conformou o país à feição que optou por tomar.
E agora?
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Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação
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