Por Augusto Nunes
Cheguei há pouco da Avenida Paulista, moldura do emocionante ato de protesto contra a corrupção endêmica e impune.
Vou escrever mais sobre as manifestações desta quarta-feira.
Mas o que vi no coração de São Paulo já me autoriza a afirmar que acabou de nascer um movimento destinado a alcançar dimensões semelhantes às atingidas pelas campanhas que reivindicaram a anistia, a volta das eleições diretas para a Presidência da República e o afastamento de Fernando Collor.
Desta vez, o alvo imediato é a imensa constelação de quadrilhas formadas por assaltantes de cofres públicos.
Não é o único: a paciência com o espetáculo da desfaçatez vai chegando ao fim.
Daqui a muitos anos, a História lembrará que, em 7 de setembro de 2011, a novíssima geração de brasileiros, usando a internet como instrumento de mobilização, resolveu proclamar nas ruas a própria independência.
Desvinculadas de partidos políticos envelhecido e envilecidos, separadas por uma distância abissal de conceitos ideológicos caducos, multidões de jovens, engrossadas por indignados de todas as idades, mostraram que ─ apesar de tudo, apesar de tantos ─ o Brasil tem jeito.
Quem duvida disso que espere pela segunda onda de manifestações, marcada para 12 de outubro.
O grande clube dos cafajestes, convém ressalvar, não será fechado imediatamente.
Mas ficou evidente, neste Sete de Setembro, que vai demorar bem menos do que se imaginava a hora do acerto de contas entre os que cumprem a lei e a bandidagem com padrinhos poderosos.
Os corruptos da classe executiva sempre acreditaram que estão condenados à impunidade perpétua.
Acabam de saber, pela voz rouca das ruas, que a licença para roubar sem medo de cadeia não é irrevogável.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário