Renée Pereira, de O Estado de S.Paulo
A qualidade da infraestrutura brasileira piorou em relação ao resto do mundo pelo segundo ano consecutivo.
Desta vez, no entanto, o País despencou 20 posições no ranking global de competitividade do Fórum Econômico Mundial, de 84º para 104º lugar.
Em 2010, já havia perdido três colocações por causa da lentidão do governo para tirar projetos importantes do papel.
A tendência não é nada animadora.
Na avaliação de especialistas, com a paralisia verificada em algumas áreas este ano a situação tende a piorar.
É o caso da malha rodoviária.
No ranking mundial, elaborado com base na opinião de cerca de 200 empresários nacionais e estrangeiros, a qualidade das estradas brasileiras caiu 13 posições e está entre as 25 piores estruturas dos 142 países analisados.
A preocupação é que, depois dos escândalos de corrupção no Ministério dos Transportes, muitas obras estão paralisadas.
Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), foram suspensos 41 editais, que estão sendo liberados de acordo com a prioridade do ministério.
"Será preciso bem mais energia para melhorar a posição no ranking mundial", avalia o consultor para logística e infraestrutura da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet.
Ele destaca que já esperava essa piora do País em relação ao resto do mundo.
"A economia brasileira está crescendo e a infraestrutura está estagnada, em deterioração."
Um dos pontos críticos, na opinião do executivo, é o sistema portuário, que recebeu nota de 2,7 pontos (quanto mais próximo de 1, pior).
Com isso, a qualidade dos portos brasileiros caiu sete posições e está entre os 13 piores sistemas avaliados pelo Fórum Econômico Mundial.
Entre todas as áreas, os portos ocupam a pior posição, 130º.
(...)
"O empresariado está bastante pessimista em relação à infraestrutura brasileira", afirma o coordenador do Núcleo de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda.
A fundação é responsável pelos dados brasileiros constantes no Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial.
Ele afirma que a qualidade das ferrovias brasileiras foi a que recebeu a menor nota: 1,9 ponto - a mesma classificação dada pelos empresários em 2009.
Apesar disso, o setor caiu 4 pontos no ranking.
"É uma sinalização de que os outros países, que em 2010 estavam atrás do Brasil, conseguiram melhorar a sua infraestrutura", afirma o coordenador.
Ele conta que no geral a infraestrutura brasileira recebeu nota de 3,6.
"É uma posição muito ruim para o País."
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