CAROLINA SARRES - Folha.com
O combate à corrupção não é prioridade para o governo, afirmam delegados da Polícia Federal.
Segundo eles, órgãos de fiscalização pública --como a própria polícia, o TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU (Controladoria-Geral da União)-- sabem onde há desvios de verba, mas não os evitam porque a questão seria tratada de forma "secundária" pela atual gestão.
De acordo com levantamento feito pela ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal), o combate à corrupção não é contemplado pelo PPA (Plano Plurianual) 2012-2015, divulgado em 31 de agosto.
Dos 11 desafios e 65 pontos prioritários do plano, o tema é citado apenas três vezes --segundo a associação.
"Não há investimento para estancar a perda do dinheiro público.
Isso vai evitar que as metas do governo sejam cumpridas.
Podem até poupar, mas, se há vazamento, o dinheiro vai embora.
Também não adianta tirar ministro se a máquina está comprometida.
Vai-se perder o dinheiro ou na má gestão ou na corrupção.
Desenvolvimento sustentável e justiça social é impossível com desvio de dinheiro público e fraude", disse o diretor de comunicação da ADPF, Marcos Leôncio.
Os delegados da Polícia Federal estimam que, anualmente, entre R$ 50 e R$ 84 bilhões seja perdido em desvio de verba --o que corresponde a 1,4% a 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Megaeventos são megaoportunidades para o desvio público, pois há aumento considerável do aporte financeiro.
Com uma aparelho de fiscalização debilitado, há vazamento", declarou Leôncio.
(continua)
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