Miguel Relvas, ministro português que fez do país de Lula e Dilma território para bons negócios.
As histórias brasileiras de um dos homens mais poderosos de Portugal.
Na revista Visão, com reportagem que descreve um cenário de relações suspeitas entre o primeiro ministro português e políticos brasileiros, o jornalista Miguel Carvalho inicia a matéria destacando, dos homens do «mensalão» às agências de marketing (com destaque para José Dirceu), a agenda de Miguel Relvas registra várias figuras de relevo na sociedade brasileira.
Leia matéria AQUI.
REPORTAGEM SOBRE MINISTRO PORTUGUÊS DEDICA UM BOM ESPAÇO AO ROUBA-HÓSTIA
Reinaldo Azevedo
A mais recente edição da revista portuguesa VISÃO traz uma longa reportagem — 12 páginas — sobre as ligações, nem sempre muito claras, entre Miguel Relvas e empresários e políticos brasileiros.
Relvas é ministro de Assuntos Parlamentares de Portugal e pertence ao PSD, um partido de centro-direita, que venceu recentemente as eleições.
Embora o PT, segundo a sua resolução, esteja empenhado em derrotar o “neoliberalismo”, um dos grandes amigos de Relvas no Brasil é o “esquerdista”… José Dirceu!
Muito bem! A crítica do “companheiro” à mídia não é gratuita.
Aliás, “gratuidade” é uma palavra que o Zé não conhece.
O homem está sempre “trabalhando”.
O objeto da longa reportagem da revista “Visão” é Relvas, com seus múltiplos tentáculos.
Um deles é o grupo de comunicação português Ongoing, que já chegou ao Brasil.
E adivinhem pelas mãos de quem…
Acertou quem disse “Dirceu”.
O busílis é o seguinte: a Ongoing tem um jornal no Brasil chamado Brasil Econômico, de que a namorada de Dirceu é administradora e onde ele é colunista.
Oficialmente, os portugueses são donos de apenas 29,9% do empreendimento.
Os outros 70,1% pertenceriam a Maria Alexandra Vasconcellos, brasileira que é casada com o português Nuno Vasconcellos, presidente do… grupo Ongoing!!!
Entenderam?
A Constituição proíbe que estrangeiros controlem empresas de comunicação no país.
E o PT, vejam vocês, escreveu em sua resolução que quer regulamentar a mídia para fazer cumprir a… Constituição!!!
Uns verdadeiros patriotas!
O Ministério Público está investigando o caso.
Esclarecido isso, leiam trechos da reportagem da revista Visão.
A fama do rouba-hóstia já atravessou o “mar oceano”, como diriam os poetas portugueses de antigamente.
*
(…)
Dirceu está inelegível até 2015 e é o principal visado no caso que começará a ser julgado este ano e conta 36 acusados [mensalão].
Prova de que ainda mexe - e muito -, Dirceu foi capa da revista VEJA esta semana.
A revista chama-lhe “O Poderoso Chefão”, título brasileiro para a saga de “Dom Corleone, O Padrinho” e uma forma de ilustrar a sua teia de influências no governo e nas empresas.
A revista lembra de uma viagem que Dirceu fez a Portugal em 2007.
No aeroporto de Lisboa, um brasileiro o saudou: “Tem ladrão na fila”.
(...)
O consultor (José Dirceu) do milionário mexicano Carlos Slim e do magnata russo Berezevosky, falou também da sua atividade: promover negócios de portugueses no Brasil e de brasileiros em Angola(…).
No Brasil, apontam a Dirceu ligações à Ongoing.
Um dos links é Evanise Santos, a namorada.
Também referida no “mensalão”, é diretora de marketing do Brasil Econômico, jornal do grupo e da Ejesa, empresa da mulher do líder da Ongoing.
Amiga da presidente Dilma, Evanise foi coordenadora de relações públicas no Palácio do Planalto no tempo de Lula.
Dirceu escreve no jornal.
A investida da Ongoing no Brasil foi atribuída às influências de Dirceu, mas o grupo desmente.
Reinaldo Azevedo, da Veja, não cai.
“No meio político, o ‘Brasil Econômico’ é chamado “aquele jornal do Dirceu”, escreveu.
O ex-ministro é visto como um símbolo do pior que o País tem. (…)
”Nada mudou depois do mensalão.
A promiscuidade do Governo com seus aliados persiste”, afirma Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado.
Para Fernão Lara Mesquita, jornalista e atual administrador do jornal O Estado de S. Paulo, mistério é coisa que não existe:
“Se viesse um dia a cair no Brasil, Sherlock Holmes ficaria desempregado.
Não há nada para descobrir.
É tudo ’sexo explícito’”, refere.
Segundo ele, Dirceu “é o especialista nos trabalhos sujos.
Tudo o que é realmente grande na roubalheira geral está a cargo dele”.
Fernão Mesquita inclui na polêmica o caso Ongoing, grupo que considera o “cavalo de troia” da estratégia para o domínio multimédia no universo lusófono.
Num momento em que “o Brasil é o maior exemplo histórico de execução de um projeto de tomada de poder pelo controle dos meios de difusão da cultura ‘burguesa’”, a Ongoing “e os banqueiros por trás dela vieram a calhar”, aponta.
A Ongoing, acionista da PT [Portugal Telecom]~, da Impresa e da Zon, é liderada, no Brasil, por Agostinho Branquinho, que não quis falar à VISÃO, invocando o seu “período de jejum” da política portuguesa.
É amigo e companheiro de partido de Relvas.
O ministro tem em mãos a privatização da RTP e saberá do interesse da Cofina e da Ongoing no canal.
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