Irany Tereza / RIO - O Estado de S.Paulo
O forte crescimento da demanda interna, que desde a crise de 2008 vem sustentando a economia nacional, se distanciou perigosamente da produção.
A taxa anualizada da chamada "absorção doméstica" (consumo das famílias + gastos do governo + investimentos e estoques) está em 5,6%, enquanto o crescimento anualizado do Produto Interno Bruto (PIB) até o segundo trimestre do ano foi de apenas 3,2%.
Traduzindo: a produção brasileira enfraqueceu e corre risco de perder competitividade; a demanda interna ganhou mais força e mantém pressionada a inflação.
(...)
Os dados coletados pelo IBGE mostraram que os produtos importados estão suprindo o aumento do consumo.
A indústria de transformação nacional parou.
E a estagnação desse segmento amplo - que transforma matéria-prima em bens, sejam eles máquinas, bens de consumo ou intermediários, como aço - foi classificado como "preocupante" pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
"Isso confirma que o principal setor da indústria brasileira (composta ainda pela extrativa, construção e distribuição de eletricidade, gás e água) está sendo fortemente afetado pelo menor ritmo da economia brasileira e pelo avanço das importações de manufaturados", diz o relatório do instituto, que prevê que esse desempenho pode afetar os demais setores da economia.
Menos otimismo. Leonardo Mello de Carvalho, também pesquisador do Ipea, lembra que o fato de o PIB a preços correntes ter mantido a mesma relação entre o primeiro e o segundo trimestres do ano mostra que os preços dos bens de capital estão caindo.
A alta do preço internacional das commodities permitiu que a demanda continuasse crescendo.
"Foi o choque do preço de troca", disse o economista, lembrando que há oito meses consecutivos os levantamentos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) constatam a queda de confiança do empresariado brasileiro.
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