quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Protestos em Brasília e outras 34 cidades contra a roubalheira e a impunidade: UNE, CUT e outras organizações pró-governo silenciam

Protestos populares têm apoio de OAB, ABI e CNBB — e o silêncio cúmplice e vergonhoso de entidades como a CUT, a UNE e o MST
Ricardo Setti


A Polícia Militar do Distrito Federal calculou, imprecisamente, em “milhares” as pessoas que se manifestam em Brasília contra a corrupção neste Dia da Pátria, em longa marcha que atravessou a Esplanada dos Ministérios e terminou diante do Congresso Nacional.
Mais tarde, os cálculos mencionavam 25 mil pessoas.

Os protestos ocorreram paralelamente à parada militar que comemora o 7 de setembro.
A principal manifestação contra a corrupção começou por volta das 10 horas próximo ao local da parada.
Os manifestantes levaram carros de som, cornetas, tambores e apitos para chamar a atenção da presidente Dilma e dos políticos.
A Presidência, no entanto, tomou o cuidado de isolar a região do desfile de forma que Dilma não veja nem ouça o protesto.
(...)

Vocês não estão notando nada de novo — além da excelente notícia de que a até então amorfa, anestesiada sociedade brasileira começa a se mexer?

Dou-lhes uma, dou-lhes duas…

Cadê a CUT?
Onde estão os raivosos barbudos que dirigiam a entidade e, de tão oposicionistas, costumavam se recusar a atender a convites de presidentes eleitos pelo povo para dialogar no Palácio do Planalto (aconteceu com Collor e com FHC)?

Onde estão seus atuais dirigentes para protestar contra a roubalheira em vários Ministérios, contra a impunidade e a safadeza?

Cadê o Paulinho da Força Sindical, que, de próximo às oposições, agora que está no PDT e é deputado também gosta cada vez mais de ser correia de transmissão do governo?

Cadê a UNE? (Eu sei a resposta: está amortecida pelo dinheirão que vem do governo direto para os cofres dos picaretas que a dirigem).

Cadê o MST, que protesta contra tudo e todos?


Nem sequer nos sites da UNE e da CUT, até agora há pouco, havia qualquer referência a protestos, e praticamente nada ao evento 7 de setembro em si.
(...)

Os protestos foram convocados via redes sociais como iniciativa da cidadania e não querem ter cor partidária — tanto é que já houve, em Brasília, enfrentamentos entre manifestantes e um grupo de militantes do PSOL.

Se os protestos aumentarem de vulto nos próximos dias, semanas e meses — nunca se sabe, mas é uma possibilidade — e essas entidades continuarem de boca fechada vai ficar claro o quão pouco eles representam quem dizem representar.

Seu silêncio, hoje, é cúmplice — e vergonhoso.

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