Preços de medicamentos são estratosféricos
Antônio Marinho e Juliana Câmara, O Globo
Hipertensão arterial, diabetes, câncer e doenças respiratórias são males que ameaçam a sobrevivência não só do ponto de vista médico como também econômico.
Os preços de remédios importados são estratosféricos.
Um exemplo? Leucemia: a caixa com 112 comprimidos de 200 mg de Nilotinibe chega a R$ 16.838.
A quimioterapia para câncer de mama com drogas de ponta custa em média R$ 150 mil por ano.
O Plano de Ações para Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) ampliou o acesso ao tratamento, mas o Ministério da Saúde tem problemas para manter o fornecimento a hospitais.
Para especialistas, porém, a proposta de flexibilizar patentes não é a resposta.
No caso do diabetes, o governo distribui medicamentos antigos, já sem patentes.
Os mais modernos, que controlam a doença por mais tempo, custam muito mais.
— É claro que gostaríamos de tratar os pacientes dos hospitais públicos com drogas mais modernas.
Mas os laboratórios gastam muito dinheiro em pesquisas e podem não querer trazer os remédios para o Brasil, se as patentes forem flexibilizadas — diz Amélio Godoy, do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia.
Para o oncologista Ricardo Teixeira, a flexibilização de patentes não vai atender a todos os casos.
Ele diz que, hoje, pacientes só têm acesso a tratamento com fármacos mais modernos por meio de ação judicial.
— O paciente com câncer na rede pública tem menor sobrevida do que o de convênio.
Em tumores de mama há um exemplo.
Na rede pública, as mulheres recebem Tamoxifeno, que custa R$ 30 a caixa; na rede privada, é receitado o Anastrozol, que custa R$ 300.
— São Paulo é o único estado em que o paciente tem acesso aos melhores tratamentos, sem ter que entrar na Justiça — diz Teixeira.
— É um direito do paciente optar por um medicamento mais caro, sobretudo quando aumenta a sobrevida mesmo que seja em dias.
Teixeira crítica a falta de fiscalização das clínicas particulares que recebem dinheiro do SUS para remédios de ponta que não chegam aos pacientes.
Ele explica:
— O ministério paga, para câncer de mama avançado, a associação de Docetaxel e Doxorubicina, mas clínicas aplicam Doxo com Ciclofosfamida, combinação mais barata, só para aumentar a margem de lucro.
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