Blog do Alon
Ao histórico pronunciamento do presidente Mahmoud Abbas em Nova York seguiu-se o anúncio de que o Quarteto (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas) alcançou acordo sobre a reabertura das negociações para a busca de um status definitivo
Há alguns obstáculos à criação do Estado Palestino, direito legítimo daquele povo.
São externos e internos. E conectados.
Há dificuldades políticas no Conselho de Segurança da ONU.
Um jogo entre as grandes potências.
Coisa que não chega a ser novidade.
(...)
O debate entre as potências sobre assuntos assim é sempre delicado.
Pois cada uma tem seus próprios problemas.
(...)
Quando se discutem áreas de domínio e influência toda potência leva para a mesa seus próprios interesses, mesmo quando jogam para a plateia.
E levam em conta os interesses das demais do clube.
Isso não impede arrisquem passos unilaterais.
Como o Ocidente com Kosovo, ou a Rússia com as províncias rebeldes da Geórgia.
Mas a regra é cada uma respeitar o interesse das sócias.
Ainda que esferas de influência sejam como placas tectônicas.
Móveis, mesmo que se movam lentamente.
Outro desafio palestino é o interno.
Israel não foi criado pela ONU.
A organização apenas aprovou a partilha da área do antigo mandato britânico na Palestina entre dois países.
Um árabe e um judeu.
O Estado judeu pôde nascer porque dispunha de liderança política e de força militar bastante unificadas, capazes de estabelecer autoridade sobre o território e defendê-lo.
Por isso, o governo do novo país prevaleceu sobre as correntes nacionalistas para quem aceitar a partilha do território com os árabes era uma traição aos ideais do nacionalismo judeu.
A Palestina enfrenta resistências no Conselho de Segurança da ONU.
Mas o que impede os palestinos de, como Kosovo, simplesmente declarar a independência, criar na prática seu país e cuidar depois do reconhecimento internacional?
Falta a liderança unificada e a capacidade de estabelecer autoridade, inclusive militar, sobre o território.
O desenvolvimento histórico da legítima luta dos palestinos para terem seu país acabou produzindo um cenário de múltiplos grupos, cada um com suas armas, ideologia e objetivos. E patrocinadores.
Isso impede que a liderança escolhida em eleições imponha democraticamente a vontade da maioria à minoria quando está em jogo o interesse nacional.
Daí por que a Palestina necessita recorrer aos jogadores externos, para construir de fora para dentro um consenso difícil de construir de dentro para fora.
O amplo apoio internacional à constituição de um Estado Palestino é um ativo, mas traz junto a dificuldade: todo mundo se dá o direito de opinar sobre como fazer a coisa.
Brigar com os fatos não chega a ser inteligente.
Ao histórico pronunciamento do presidente Mahmoud Abbas em Nova York seguiu-se o anúncio de que o Quarteto (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas) alcançou acordo sobre a reabertura das negociações para a busca de um status definitivo.
É uma nova excelente oportunidade.
Resta saber se os diretamente envolvidos vão saber aproveitá-la.
O Brasil, que frequentemente enfatiza a preferência por soluções negociadas, aplaudiu.
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