quarta-feira, 5 de outubro de 2011

As caras da vassalagem à Fifa

Demóstenes Torres

Orlando Silva é a cara da Copa 2014.
Atrapalhado, atrasado, trôpego e com jeito de que nunca fica pronto a tempo.

Como a presidente Dilma Rousseff acabou recepcionada pela Fifa, em Bruxelas, com o descaso já há muito demonstrado e deu o troco colocando o insignificante Silva para se explicar.

Coube-lhe atestar o Brasil submisso aos caprichos daquela que vai mandar no País durante a Copa – e não é a Dilma, é a Fifa.

Em vez de seu similar Joseph Blatter, a presidente e o ministro do Esporte foram recebidos por Jerôme Valcke, secretário-geral da Fifa.
Ele e Orlando Silva empatam ao menos na moral.

Os dois já estiveram envolvidos com cartões, o ministro com os corporativos (teve de devolver dinheiro, mais de R$ 30 mil, no escândalo conhecido como Caso da Tapioca), o secretário da Fifa com Visa e Mastercard (a Justiça de Nova York desfez contrato assinado por ele, que assumiu ter mentido a ambos).
(...)

Mesmo diante de um sujeito desclassificado a esse ponto, Dilma e Silva se renderam.
Para isso, atiraram o Congresso Nacional às favas.


Nas palavras do ministro, “a redação do projeto (da Lei Geral da Copa, enviada pelo governo no fim de setembro à Câmara dos Deputados) pode ser aperfeiçoada de modo que fique nítido que todas as garantias que o Brasil firmou com a Fifa deverão ser cumpridas”.
Por que não fizeram isso antes de entregar o texto ao Legislativo?

Segundo Silva, a presidente pediu “sugestões adicionais”, pois “a redação (da Lei Geral da Copa) pode ser aperfeiçoada para evitar manipulações”.
Aperfeiçoar é sinônimo de golpear?
Quem vai manipular o quê?

A presidente é marionete de Blatter e Silva, fantoche de Valcke?

Se os chefões da Fifa estalarem o dedo, o Executivo vai tentar derrogar o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto do Idoso.
Essa certeza está numa sentença com aquele linguajar técnico típico de Silva:

“Num tema ou noutro, podemos suspender a lei”.
(...)

Valcke é a cara Fifa, Silva é a cara da Copa e o povo com cara de tacho, pois na conversa deles com Dilma na segunda-feira se acertaram adaptações ao “que na lei brasileira se aplica a esses eventos (copas das Confederações e do Mundo), que têm características próprias”.

Ou seja, confirmou-se o que disse aqui e no Plenário do Senado: até 31 de dezembro de 2014 teremos um estado dentro do estado.
Tanto que a presidente, se quiser, que se reúna com a segunda divisão.

Pensava-se, inicialmente, que a viagem de Dilma seria para passar uma carraspana na direção da Fifa, impor respeito, dizer que não sacrificaria os idosos, não retroagiria nas relações de consumo e exigiria respeito à Bandeira e ao Hino nacionais.
Ocorreu o contrário.

A visita foi para se ridicularizarem na vassalagem, pois não, seu Valque, o que não tiver na lei a gente coloca e se tiver e o sinhô preferir que tire, a gente passa a faca.

Revelou-se tamanho o rebaixamento da presidente e do ministro que a Fifa ordenou pousar em Brasília nesta quarta-feira não mais Blatter ou Valcke, mas o time reserva de técnicos da entidade.

Íntegra no blog do Noblat.

Nenhum comentário:

Postar um comentário