O Globo - (Editorial)
Depois de vários fins de semana sombrios para a economia mundial, o acerto fechado na Europa na madrugada de quinta-feira, com o abatimento de 50% da dívida grega de posse do mercado, inevitável, gerou algum ânimo em todos os continentes.
(...)
Mesmo sem ter feito reformas importantes que aumentassem a capacidade de competir no mundo globalizado, o Brasil foi beneficiado pelo ciclo de crescimento, puxado por uma China ávida por matérias-primas.
O país passou a ser fornecedor importante de minérios e alimentos dos chineses, resgatou a dívida externa e, como é de nossa tradição, deitou em berço esplêndido.
Deveria despertar agora que o cenário externo leva a crer que durante muito tempo o Brasil não se beneficiará de uma conjuntura de expansão mundial, que mascarou suas deficiências.
O tema está na agenda do economista Paulo Rabello de Castro, do Movimento Brasil Eficiente (MBE).
Em entrevista ao GLOBO, Paulo Rabello tachou, com razão, de “catástrofe competitiva” a carga de impostos sobre as empresas brasileiras.
O mundo e a China, em particular, desaceleram.
As exportações de produtos primários tendem a perder fôlego.
Há risco até de déficits comerciais, desvalorização mais acelerada do real, volta de maiores pressões inflacionárias.
Este é um cenário, traçado por Rabello de Castro, diante do qual Brasília pode fingir sangue-frio, mas tem de agir.
O ponto chave, defende o economista, na questão da competitividade, é a carga de impostos, mais que a própria logística.
Pesquisa do Brasil Eficiente indica um custo 30% superior dos produtos brasileiros em relação a uma média de seis países (EUA, França, Inglaterra, Austrália, África do Sul e China).
O Brasil tende a ficar fora de mercado.
E para compensar todas as deficiências da economia brasileira — impostos em primeiro lugar, segundo Rabello de Castro — o câmbio teria de ser R$ 2,48 (está em R$ 1,70). Seria um choque inflacionário de razoáveis dimensões.
A proposta do Brasil Eficiente é de uma redução da carga tributária, estimada pelo movimento em 33,56% , em um ponto percentual por ano até o nível de 30%.
Seria grande incentivo à competitividade do país, que se encontra em baixa.
Quem tem dúvidas deve estudar o exemplo alemão.
Diante da competição do Leste da Europa, reduziu o Custo Alemanha (legislação trabalhista, previdência, etc.) e estancou a migração de fábricas e empregos.
Grécia, Portugal, Espanha e Itália nada fizeram.
A atual crise já mostrou quem estava certo.
Íntegra AQUI.
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