
Todos sabemos que os ministros indicados por esse partido, primeiro Agnelo Queiroz, hoje governador do Distrito Federal, e depois Orlando Silva, que será demitido, aparelharam a pasta e seus instrumentos, seguindo estratégia partidária.
Segundo relata o Estadão, o PCdoB estaria ameaçando Dilma: se Orlando cair, Agnelo, que se mudou de armas e bagagens para o PT, irá junto.
O aparelhamento é tão notório e enraizado, que o presidente da sigla, Renato Rabelo, declarou a O Globo que “o PCdoB não vai piscar primeiro, não fazemos acordos assim. Vou falar para a presidente: o ministro é seu”.
Chega a ser impressionante. Claro que o cargo pertence a Dilma e não ao partido. Evidente que ela terá de demitir Orlando Silva, se quiser preservar o mínimo de autoridade sobre seus outros aliados e diante da opinião pública.
Os escândalos no Ministério dos Esportes são tantos, que o justo teria sido Lula não ter nomeado Agnelo e Dilma não ter renovado a confiança em Orlando.
Milhões e milhões de reais que deveriam iniciar crianças carentes na prática esportiva tomaram o rumo torpe da corrupção. ONGs fictícias, renovação de convênios com o próprio João Dias, que puxou a ponta do iceberg, denunciando ações supostamente desonestas do ainda ministro.
Denúncias dando conta de que o ex e o atual titulares da pasta receberam dinheiro de propina entocados em garagens. Um quadro insustentável, enfim.
Agora compreendo porque a base governista tanto boicotou a CPI das ONGs, que teve como relator um senador comunista. Nada andava. Nenhuma quebra de sigilo relevante. Nenhuma convocação que pudesse trazer luz sobre a podridão ora desnudada pela ação do delator João Dias e pela vigilância dos órgãos de comunicação deste país.
Nós não sabíamos exatamente o que se poderia encontrar na CPI. Mas eles sabiam, com precisão, dos motivos que tinham para varrer a investigação para debaixo do tapete.
Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado
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