Por Felipe Bächtold, na Folha:
Em meio a uma invasão de importados, a indústria nacional de calçados enfrenta dificuldades para manter empregos e até transfere sua produção para outros países.
Dois grandes grupos empresariais do Rio Grande do Sul, principal polo do setor no país, fecharam fábricas e levaram a produção para a Nicarágua e para a República Dominicana.
O objetivo é aproveitar acordos comerciais desses governos com os EUA e criar unidades voltadas ao mercado americano.
A Abicalçados (associação da indústria do setor) diz que outras dez empresas podem tomar o mesmo rumo.
A Argentina também recebe empresas brasileiras, que planejaram a mudança devido às barreiras para vender ao país vizinho.
O grupo Schmidt Irmãos, que tinha uma série de fábricas no interior gaúcho, transferiu a produção para a Nicarágua no ano passado.
O governo nicaraguense divulgou que o investimento da empresa brasileira será de US$ 25 milhões.
A unidade em uma zona franca da Nicarágua precisa receber até máquinas e insumos vindos do Brasil, devido à escassa estrutura industrial do país.
Procurado, o grupo preferiu não se pronunciar.
Dona de marcas como a Ortopé, a empresa Paquetá, de 12.500 funcionários, fechou em agosto uma fábrica em Sapiranga (RS) e a transferiu para a República Dominicana.
Centenas de vagas de trabalho foram perdidas.
A empresa disse que tomou a medida para “manter a competitividade industrial e continuar crescendo”.
A valorização do real também influencia na decisão.
A federação dos trabalhadores do setor no Estado fala em risco de desindustrialização e diz que há debandada para locais que oferecem salários mais baixos.
A produção no acumulado do ano no país caiu.
Até agosto, a exportação de calçados brasileiros recuou 25% ante o mesmo período de 2010.
Enquanto isso, o volume de mercadorias importadas subiu 18%.
A Indonésia quase dobrou suas vendas ao Brasil.
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