Por Augusto Nunes
O Orçamento da União reservou R$ 296,9 milhões para o programa de Prevenção e Preparação para Desastres Naturais, uma peça de ficção vinculada ao lastimavelmente real Ministério da Integração Nacional.
A três meses do início da temporada das chuvas e inundações, informou O Globo, ninguém viu a cor do dinheiro.
Dos R$ 9 milhões prometidos ao Rio de Janeiro para 2011, por exemplo, nenhum centavo saiu do papel.
Como a verba não saiu, nada mudou.
Nenhuma obra, nem mesmo uma medida preventiva reduziu o medo dos moradores dos morros cariocas e da Região Serrana.
Ainda recolhidos a abrigos improvisados em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, flagelados de janeiro aguardam a chegada da estação dos temporais com a angústia dos indefesos.
Ninguém sabe que fim levaram as 6 mil casas anunciadas por Dilma Rousseff e Sérgio Cabral.
Foram mais de mil os soterrados e afogados há menos de um ano.
E os que perderam parentes não se queixam.
Outros tantos podem ser levados por inundações e deslizamentos de terra.
E os marcados para morrer não protestam.
Os brasileiros conformados com a vida mal vivida agora se rendem à morte anunciada.
De novo, Dilma Rousseff e Sérgio Cabral vão assistir de longe à reedição do pesadelo.
Enquanto as imagens do horror frequentarem as vitrines dos telejornais e as primeiras páginas, os comparsas capricharão na cara de choro, repetirão promessas que não serão cumpridas e lembrarão que, graças à harmonia entre os governos federal e estadual, o Rio se transformou numa Califórnia sul-americana, só que com praias e mulheres mais bonitas.
Cúmplices por omissão da matança premeditada, Dilma e Cabral não escapariam da ira das vítimas se o rebanho fosse menos obediente.
Mas até os intelectuais do Rio, antes tão inclementes com nulidades e impostores, hoje ajudam a manter em altitudes confortáveis a popularidade de uma dupla de farsantes.
Esses optaram pela capitulação.
As multidões afundadas na pobreza sobrevivem como podem.
Os deserdados do Brasil aprenderam faz tempo a sofrer sem balidos.
Vão agora aprendendo que devem ser gratos a seus algozes.
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