Por Marco Sobreira
Sai do ar, não se sabe até quando, a novela do escândalo que envolve o ex-ministro Orlando Silva, do Esporte.
Um de seus capítulos deu-se em sessão do Senado, na qual se fizeram ameaças veladas aos que cobravam a punição dos envolvidos no episódio.
Senadores correligionários do ministro e dirigentes de seu partido fizeram ameaças à oposição e à imprensa.
Lamentavelmente, alguns passaram dos limites.
O ensaista Hans Magnus Enzensberger, em livro editado na Espanha, Política y delito, diz que, para Freud, a caracterização da linguagem do ato criminoso é idêntica à da política.
E exemplifica hostilidades, como "derrubadas" de ministros; o candidato "bate" o adversário; o governo é "derrotado".
Pelo visto, noutros tempos, as palavras aspeadas definiam situações políticas extremas, de ameaças.
As do Senado foram piores.
A Procuradoria Geral da República pediu e o Supremo aceitou abrir processo contra o ministro, evitando, assim, conflitos no Congresso.
Na sessão das ameaças, o ministro desqualificou o denunciante, um bandido — como disse — que, ele sim, queria aproveitar-se das falcatruas ocorridas, mas é levado a sério.
O Congresso aprovou esse benefício aos denunciantes que colaborarem com a Justiça.
Lula, que sancionou tal medida, pediu para reagirem contra Dilma, em favor do ministro.
Tal descabimento do ex-presidente foi desqualificado, pouco depois, por um pastor evangélico, em denúncia feita à Folha de S.Paulo, de parte da tramoia ministerial.
Esse novo denunciante abalou o argumento da defesa do ministro, no Senado, mostrando que o procurador geral e o Supremo tinham motivo para investigar a corrupção no Ministério do Esporte.
Essa é a praga que arrasa o Brasil.
Veja (26/10/11) diz que os corruptos surrupiaram R$ 85 bilhões em 2010.
Segundo o Globo, o rombo foi de R$ 67 bilhões, desde 2003.
Nesse jornal, João Ubaldo Ribeiro ironiza: democratizou-se a impunidade no país.
Para Bolívar Lamounier, a corrupção não tem controle entre nós.
O certo é que os brasileiros estão perplexos e sem fala, enquanto, contra essa praga que também o aflige, o mundo inteiro enche as praças de seus países.
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