Lixo hospitalar era usado em jeans
Receita espera chegada a Pernambuco de mais 14 contêineres com dejetos
Letícia Lins, O Globo
A Procuradoria da República pediu ontem à Polícia Federal que instaure inquérito para apurar a importação irregular de lixo hospitalar por confecções em Pernambuco.
Fronhas, lençóis e pijamas usados em hospitais americanos — inclusive com secreções — serviam de matéria-prima na fábrica Império do Forro de Bolso.
Havia inclusive material proveniente do Departamento de Veteranos de Guerra dos EUA.
Muitas peças tinham a advertência not for sale (venda proibida).
No fim de semana, a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) interditou galpões e uma fábrica da empresa nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, respectivamente a 192 e 167 quilômetros da capital.
Segundo o gerente da Apevisa, Jaime de Brito, foram encontrados tecidos manchados, provavelmente de sangue.
As amostras foram enviadas ao Instituto de Criminalística.
Toritama responde por 60% da produção nacional de jeans.
O material importado era usado nos bolsos. Segundo Brito, como as peças passam por várias lavagens, quem as usa não corre risco.
Os operários que as manuseiam, porém, podem ser contaminados por hepatite C ou doenças respiratórias.
A importação de lixo hospitalar é proibida no Brasil.
A Receita descobriu a operação na semana passada, ao desconfiar da disparidade entre o valor declarado e o volume de uma carga no Porto de Suape.
Em dois contêineres havia, além de lençóis descartados, máscaras, cateteres, seringas e outros objetos contaminantes.
Outros 14 estão para chegar, segundo a Receita.
A empresa, que há uma década importava "tecidos de algodão com defeito", pode ser multada entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão.
Seu proprietário não fora localizado até ontem.
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