domingo, 13 de novembro de 2011

Brasil no G-6

Merval Pereira, O Globo

Ao mesmo tempo em que somos afetados pela crise internacional que se agrava a cada dia, ameaçando reduzir nosso crescimento a níveis medíocres, somos beneficiários dela e da transformação do quadro de relações de poder e de interesses globalizados num mundo multicêntrico que a duras penas vai abrindo caminho para os países emergentes...
(...)

Pelas projeções, os cidadãos do BRICS continuarão sendo mais pobres na média que os cidadãos dos países do G-6 de hoje, com exceção talvez da Rússia.

O Brasil, se conseguir manter uma média de crescimento do PIB de 3,5% ao ano, chegará a 2050 com uma renda per capita de US$ 26.500, próximo do que já têm hoje França e Alemanha (cerca de US$ 23 mil), menos do que Japão e os Estados Unidos hoje(cerca de US$ 33 mil).

Para se ter uma ideia de como a evolução dos países não se dá de maneira uniforme, basta lembrar que o Brasil já teve crescimentos sustentados do PIB de níveis asiáticos: de 1950 a 1959, média de 7,15%; de 1960a 1969, média de 6,12%; e de 1970 a 1979, de 8,78%.

Até 1980, o Brasil cresceu mais que a média mundial: de 1900 a 1980, a renda per capita brasileira cresceu em média 3,04%, enquanto a renda mundial cresceu 1,92%.

O período de maior crescimento foi o de 1950 a 1980, quando o país cresceu em média 4,39% sua renda per capita, para um crescimento médio mundial de 2,83%.

Nesse período, o Brasil figurou entre os dez países mais dinâmicos do mundo.
O PIB per capita do Brasil em 1980 equivalia a 30,5% do dos Estados Unidos, e em 2009 era de 22,7%.


No mesmo período, a Coréia do Sul, que tinha um PIB per capita menor que o do Brasil, foi de 18,8% para 60% do PIB per capita dos EUA.

Mesmo que chegue a ser a 6ª economia de um mundo conturbado, o país continuará tendo desvantagens competitivas sérias.

Os países que fazem parte da OCDE, os mais avançados do mundo, aplicam cerca de 7% do PIB em Pesquisa e Desenvolvimento, o Brasil não passa de 1%, sendo suplantado largamente pela Coréia do Sul e China, países que estavam atrás de nós nesse setor nos anos 1980.

Em 1960, a Coréia tinha escolaridade média superior à do Brasil em 1,4 anos de estudo, e essa diferença já está em mais de 6 anos.

A participação brasileira na produção mundial caiu de 3,1% em 1995 para 2,9% em 2009.
No mesmo período, a China saltou de 5,7% para 12,5% e a Índia foi de 3,2% para 5,1%.

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