(Agradeço a Deus que ainda existam profissionais da imprensa com senso crítico, coragem e liberdade de pensamento.
Agradeço, também, o respeito com o cidadão que protesta contra a corrupção, o governo que considera isso um "golpe" está, simplesmente, colocando a carapuça.)
DE CABEÇA PARA BAIXO (I)
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
São tantos os absurdos que passaram a ser aceitos com grande naturalidade, que os jornais noticiam uma reunião do PDT hoje para "decidir" se Carlos Lupi continua ou não no Ministério do Trabalho e ninguém acha esquisito.
Tampouco parece espantar uma ofensiva, cujo palco principal é a internet, contra os bons costumes aplicados ao trato da coisa pública.
Cria-se uma relação de causa e efeito entre os que reclamam que a corrupção precisa de um freio e uma presumida intenção de "derrubar" o governo, dá-se a isso o nome de investida moralista e a poucos ocorre constatar que desse modo o Brasil retrocede aos tempos de celebração da malandragem, do país do "jeitinho" onde o que interessa é levar vantagem, certo?
Anda tudo muito errado nesse diapasão.
Há enquetes internas para estabelecer o escore de apoio à permanência ou não de Lupi entre os deputados federais do PDT.
Apura-se uma divisão no partido que estaria preso ao seguinte dilema: Lupi sai agora e a pasta do Trabalho continua nas mãos do PDT ou Lupi sai na reforma de 2012 e os pedetistas se arriscam a perder a boquinha, eis a questão.
Informa-se que o ministro estará no encontro e, como é a pessoa de mais destaque e influência na legenda, imagina-se que comandará os trabalhos.
Em algum momento dos últimos anos perderam-se as referências e os padrões, mas nessa discussão pública sobre o destino do ministro do Trabalho perdeu-se o último resquício de razão.
Com o quê, então, é o partido que decide se um ministro serve ou não serve para integrar a equipe de trabalho da presidente da República?
Em que momento a Nação dormiu e não testemunhou a transferência dessa delegação de Dilma Rousseff para o PDT?
Se a presidente não demite, é de se supor que não veja motivos para tal.
Mas, da forma como as coisas se apresentam, Dilma parece mais ser "presidida" pelas legendas de sua coalizão do que propriamente presidi-las como seria o normal.
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