Mary Zaidan - no blog do Noblat
Não tem saída. Quanto mais o Ministério das Cidades tenta, mais se enrola nas explicações.
Além da fraude ginasiana de substituir a nota técnica do processo para a aprovação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá, autorizando uma obra duas vezes mais cara do que a projetada (era menos de R$ 500 mi e pulou para R$ 1,2 bi), agora quer atribuir culpa de tudo ao único inocente: o analista de infraestrutura, funcionário de carreira, responsável pelo parecer original contrário à modificação.
Guardem esse nome: Higor de Oliveira Guerra.
Uma busca rápida no Google mostra Higor como técnico preparado, com mestrado no Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Tecnologia da UnB e tese em Transportes. Portanto, capacitado para a tarefa que exerce. Ainda assim, ele poderia ter seu parecer contestado sem necessidade de fraude. Aliás, algo corriqueiro na administração pública.
Mas não. Preferiu-se a ilegalidade. Talvez porque esse, ultimamente, tenha sido o caminho mais curto, rápido e próspero. E com impunidade garantida.
Basta rememorar episódios recentíssimos. Nada acontece. Carlos Lupi, flagrado em negócios mais do que duvidosos e filmado descendo de um aviãozinho providenciado por dirigente de uma ONG com contratos milionários em seu Ministério, mentiu, desmentiu e mentiu de novo e continua ministro do Trabalho. Segurou com unhas e dentes o osso que nem ele nem o seu PDT pretendem soltar.
Para ficar, Lupi declarou amor à presidente Dilma Rousseff.
Negromonte, pateticamente, chorou.
Na sexta feira, em Salvador, o ministro das Cidades apelou para as lágrimas ao jurar inocência e – nada criativo – repetir o bordão aprendido com petistas: a culpa é da mídia e, desta vez, da mídia do Sul, “de parte da imprensa interessada em enfraquecer a presidente”. Isso porque, diz, a mídia em geral discrimina a mulher e a do Sul, o nordestino.
Difícil apontar o que é mais absurdo. Se as declarações indecentes do ministro - que finge não ter visto o documento forjado e ouvido as gravações da reunião feita por sua diretora de Mobilidade Urbana, Luiza Viana, - ou o fato de o Ministério abrir uma sindicância interna contra Higor.
Para a fraudadora Luiza, o problema não é a fraude. O que lhe apoquenta é como o documento original foi parar no processo. Seria hilário não fosse gravíssimo.
Possivelmente, como o caseiro Eriberto ou Jaílson Chagas, aquele motorista que devolveu uma mala com R$ 74 mil, encontrada dentro do ônibus que dirigia, Higor será esquecido em breve. Portanto, faz-se obrigatório louvar sua integridade, agradecê-lo e lhe antecipar o tributo.
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