DE CABEÇA PARA BAIXO (II)
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
Retrato fiel. Ainda sobre a entrevista de Ciro Gomes sexta-feira última ao jornal Valor Econômico, ele faz uma análise sobre a Câmara que esclarece algumas das razões pelas quais quadros qualificados fogem do Congresso onde hoje vicejam as nulidades.
Diz: "São 513 deputados e o palavrório do século 19 ainda é a tônica. Não tem uma organização que faça convergir uma inteligência - que é grande ali como o espírito público e a decência também são, mas a mecânica é fragmentária".
Detalha: "O cara se inscreve para falar cinco minutos em homenagem ao padre fulano.
Se o orador seguinte falasse sobre a mesma tese, alguma inteligência convergiria para algum assunto.
Mas tem um sorteio.
E naquele dia se eu for sorteado tenho que falar mesmo sem nada para dizer.
No dia em que eu tenho não posso falar, porque o sorteado está interessado em falar sobre a importância da azeitona".
E conclui: "Para compensar, tentaram criar mediações.
São o colégio de líderes e a Mesa.
Mas as minorias ativas e a ingerência do Palácio do Planalto fraudaram a lógica do coletivo.
Então, os líderes não lideram e a pauta da Mesa é resolvida no Palácio do Planalto.
Há acertos tenebrosos".
Se, como diz Ciro, organização houvesse para fazer convergir inteligência, espírito público e decência, esse seria o grande tema de reflexão sobre o papel da Câmara como instituição encarregada de representar os cidadãos.
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