Por Míriam Leitão e Alvaro Gribel - O GLOBO
A mudança dos pesos do índice de inflação medido pelo IBGE chegou tão na hora certa para o governo que levantou dúvidas.
É difícil acreditar que os itens empregada doméstica e educação estão pesando menos nos orçamentos.
O IBGE tem um lastro de credibilidade, mas isso é como cristal: não pode trincar.
O instituto ontem soltou nota sobre o assunto.
Deve mesmo se empenhar para afastar as sombras.
A Argentina está tão aqui do lado que a gente até tem medo de contágio.
Lá, o governo Cristina Kirchner fez uma intervenção no Banco Central, destruiu o Indec, instituto de pesquisas oficial.
Hoje ninguém mais acredita nos indicadores das contas nacionais.
Aqui, no ano inteiro a inflação de serviços ficou em torno de 9% ou até mais, em 12 meses.
Ela voltará a subir com a alta do salário mínimo de 14%.
Pois foi exatamente em alguns dos itens que compõem a inflação de serviços, como educação e empregada doméstica, que houve redução mais significativa dos pesos no IPCA.
Caiu também o peso do cigarro.
O governo subiu o imposto do cigarro, depois adiou para o ano que vem, e o IBGE agora anunciou que ele pesará menos na inflação.
Não acho que seja manipulação.
Mas lembro que esta é a terceira dúvida que o Instituto enfrenta nos últimos tempos.
(...)
Na nota, o IBGE disse que já havia avisado que alteraria os pesos e destacou principalmente a educação, que caiu de 4,1% para 3,0%.
Disse que esses são procedimentos regulares e que está à disposição da mídia para tirar as dúvidas.
Ótimo. Diante do mau exemplo do país vizinho, é bom que o IBGE não deixe dúvida sobre dúvida neste caso.
(...)
Recentemente, o Banco Central divulgou uma mudança na fórmula de cálculo do endividamento e do comprometimento da renda das famílias com dívidas junto ao sistema financeiro.
Caiu de 26% para 21%.
Justamente quando os economistas estavam alertando para o risco de se aproximar do patamar de 30% houve a mudança da fórmula e o número caiu.
O melhor em todos esses casos é transparência e muita explicação, porque o Brasil já foi prisioneiro da síndrome de repetir os erros argentinos.
Espera-se que a síndrome do chamado “ Efeito Orloff” tenha morrido com a hiperinflação.
Íntegra AQUI.
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