Fernando Gabeira
Com o vazamento da Chevron na Bacia de Campos, o Brasil descobriu que não tem um plano de contingência contra desastres .
Nossa tendência é discutir o tema no momento dos desastres e esquecê-lo quando a situação se acalma.
No princípio do século, apos o desastre de 2000, a Petrobrás avançou muito na sua preparação.
Foram investidos R$1,4 bilhão e criou-se um plano chamado Pegaso, Programa de Excelência na Gestão Ambiental.
Quando houve o desastre na Galícia, resolvi ver de perto.
Encontrei uma equipe daa Pebrobrás, que tinha o mesmo objetivo.
Naquela época, cheguei a sugerir que a Petrobrás criasse uma empresa de segurança, para atender a desastres na América Latina.
Seria uma forma de atenuar os custos do Pegaso e, além disso, preenchia uma lacuna.
Com o desastre no Golfo do México, o Brasil despertou para a necessidade de um plano nacional.
Formou-se um grupo de trabalho mas ele não prosperou porque envolvia vários ministérios.
A Ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, afirma que não houve problemas com a falta de um plano, pois o desastre da Chevron foi pequeno.
Há alguns problemas nesse argumento.
O primeiro é quanto à dimensão.
Os americanos consideram grande um vazamento de mais dois mil barris diários, segundo a ONG Skytruth.
(...)
O Brasil poderia ter sido mais rápido na resposta. O que Lobão, Ministro da Energia, fez todo o tempo foi minimizar o impacto do vazamento. Lobão é o Lobão, Lupi é Lupi.
Nem as questões de segurança nem as do trabalho, cheio de irregularidades na Bacia, poderão ser resolvidas por esses personagens de fábula..
Conseguimos, os interessados na segurança do oceano, introduzir na lei do pré sal uma cota de 3 por cento dos royalties para a proteção .
Mas o debate foi pobre em tudo, menos na questão dos royalties.
No fundo, ainda vemos a imensidão azul como uma cloaca que recebe todo tipo de lixo ou como um eldorado que produz riquezas.
A vida mesmo, e as verdadeiras riquezas do oceano continuam ocultas.
É uma ilusão, apesar do mar territorial, achar que estas coisas não repercutem no mundo, que nossas águas não se comunicam com outras, que não existe movimento das correntes, algo essencial para quem queira entender o futuro do processo de aquecimento global.
Quando as correntes forem perturbadas, aí começa uma nova fase de perigo para todos.
O movimento ecológico, pela presença da floresta amazônica, a devastação da Mata Atlântica, fixou-se no verde.
No momento em que começam a explorar o pré-sal é preciso dar uma chance ao azul.
Íntegra AQUI.
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