Obra de transposição do São Francisco 'parece um terremoto', diz morador
Cenário é de faroeste com vilas fantasmas e um povo com poucas esperanças de ver o progresso
Eduardo Bresciani, do Estadão
O calor escaldante e a terra seca e rachada do sertão tornam ainda mais triste a paisagem de abandono da obra mais vistosa do Nordeste.
Durante a nossa viagem passamos três dias no interior de Pernambuco viajando pela Transposição do Rio São Francisco e nos deparamos com a ausência de esperança e o conformismo dos habitantes com a paralisação.
A cidade de Floresta (PE) fica a cerca de 300 quilômetros de Petrolina.
Foi lá que encontramos o padre Sebastião Gonçalves e o agricultor Manoel Joaquim da Silva, que nos guiaram até o trecho mais deteriorado da obra.
Foram cerca de 80 quilômetros de asfalto esburacado e mais 30 quilômetros por estradas de chão batido nas margens do canal.
A imagem do canal destruído é chocante.
"Lembra um terremoto", como ouvimos de um morador do assentamento Serra Negra.
Foi nesse assentamento já com a escuridão tomando conta da região que conhecemos a aposentada Maria do Socorro da Silva que nos mostrou sua casa repleta de rachaduras. Segundo ela, marcas das explosões para a construção do canal.
No dia seguinte saímos logo cedo. Passamos em Serra Negra novamente e presenciamos a insegurança dos moradores diante da incerteza sobre a remoção do único posto de saúde da região.
Acompanhados novamente de Manoel retornamos ao canal onde encontramos o alojamento dos funcionários da Emsa totalmente abandonado e mais trechos em que os operários deixaram o trabalho pela metade.
No início da tarde cruzamos o município de Floresta para ir até a Agrovila 6, já próxima à cidade de Petrolândia (PE).
Encontramos um povoado pacato sem nenhum sinal de abrigar os escritórios das empresas responsáveis pela maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Nordeste.
Comerciantes desanimados e os ex-operários já retornando ao trabalho na roça foram personagens com quem nos deparamos.
Dali seguimos para o lote 9, próximo à BR-116. Lá visualizamos mais estruturas de concreto começando a rachar.
Apesar de serem menos profundas do que o visto no lote sob responsabilidade da Emsa, os problemas acontecem em diversos trechos e merecem atenção para não se deteriorar ainda mais.
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