A CNI condena o modelo de estímulos ao consumo
O Estado de S.Paulo
Ao divulgar anteontem as suas projeções para a economia, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou o modelo econômico que privilegia o consumo.
Há muito tempo vimos alertando para o risco dessa política de estimular o consumo doméstico a ponto de a indústria interna não poder acompanhá-lo, o que leva ao aumento das importações.
Esse modelo parecia agradar até agora ao setor manufatureiro, mas levou paulatinamente a um processo de desindustrialização que se amplifica a cada ano.
Se o governo estimula a demanda, cabe à indústria oferecer produtos a preços cada vez mais atraentes e com um conteúdo tecnológico mais avançado.
Para responder a esses dois requisitos, a indústria doméstica chegou à conclusão de que devia importar, tanto os componentes produzidos no exterior a um preço muito baixo quanto produtos acabados que respondam à ultima modernização.
Isso, no entanto, leva a indústria nacional a se transformar apenas em montadora, deixando de lado a busca da inovação e aceitando o princípio de que grandes empresas no exterior estão mais aptas para oferecer o mais recente avanço tecnológico.
Com o tempo desaparecem as empresas que produzem componentes, enquanto a indústria final não se anima a realizar investimentos para criar inovações importantes, seja em processos, seja em produtos.
Pouco a pouco, a indústria brasileira está se marginalizando e se vendo expulsa do mercado internacional, que, embora marginal, é importante para ela.
(continua)
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