Luiz Fux pode esperar chumbo grosso em 2013; o recado é claro: ou se comporta, ou eles prometem derrubá-lo; resta-nos torcer para que a chantagem não tenha lastro
Por Reinaldo Azevedo
O ministro Luiz Fux, do STF, continua na mira dos petistas. E eles não o deixarão tão cedo, a menos que este membro da corte máxima do país pague a fatura na qual figura, segundo os petistas, como devedor. (...) E o ministro pode se preparar porque vem mais bomba por aí.
O mais recente ataque a Fux partiu de Gilberto Carvalho, ninguém menos: ele é, por excelência, o braço de Lula no governo Dilma, mas é também homem de confiança da presidente. Quando fala, ele o faz em nome da chefe, a menos que seja desautorizado. E ele não foi. O que fez Carvalho?
Afirmou num programa de TV que manteve um encontro com Fux antes de este ser nomeado para o Supremo e que o então candidato a ministro lhe havia assegurado que lera o processo do mensalão e não encontrara provas contra os réus. Mais uma vez, os petistas estão afirmando, por palavras nem tão oblíquas, que Fux lhes prometera uma coisa — “matar a bola no peito” — e não entregou o prometido.
É espantoso! Mais do que sugestão, o conjunto das declarações — de Carvalho, de Dirceu e do próprio Fux, em entrevista — nos autoriza, por indução, a concluir que um dos critérios para a indicação do agora ministro foi a sua opinião de então sobre o mensalão.
(...)
Ao anunciar a suposta mudança de opinião de Fux, Carvalho está confessando o que eles lá, ao menos, tinham entendido como uma conspirata a favor dos mensaleiros. Pior: como foi Dilma que indicou o ministro, Carvalho e todos os que insistem nessa linha de argumentação comprometem a presidente com uma óbvia agressão ao Supremo e à independência entre os Poderes: Fux teria sido escolhido para cumprir uma missão — que não seria, por óbvio, fazer justiça.
Os antecedentes e o que se viu
O leitor tem o direito de saber que petistas viviam falando pelos cantos, para repórteres, algo mais ou menos assim: “Fux tá no papo; é nosso!”. Os mais boquirrotos davam o acordo como celebrado. A metáfora do “matar a bola no peito” já era muito conhecida. Os votos do ministro pegaram, sim, os petistas de surpresa e, em larga medida, os jornalistas. E petistas não o perdoam por isso. Se acham Joaquim Barbosa — o “negro que nós [Eles!!!] nomeamos”, como disse João Paulo — ingrato, eles têm Fux na cota de um traidor.
(...)
O QUE NÃO ESTÁ CLARO NO TRIBUNAL INFORMAL DO PETISMO É SE HÁ OU NÃO CONDIÇÕES DE FUX SER REABILITADO PELA COMPANHEIRADA — vale dizer: ainda não se decidiu se vão lhe apresentar uma fatura, exigindo, em troca, o bom comportamento ou se a condenação já pode ser considerada transitada em julgado — nessa hipótese, só restaria mesmo o paredão.
A tropa não brinca em serviço. Nesse momento — e Fux não deve ignorá-lo —, a sua carreira de juiz no Rio está sendo escarafunchada. Não é que os petistas não gostem de uma coisa ou de outra e tenham sido tomados por um surto de moralidade ou de moralismo. Não! Vigora a palavra de ordem de sempre: “Quem está conosco é gente boa; quem não está vai para a boca do sapo”.
Fux pode se preparar que vem chumbo grosso por aí. Ou, então, se anula como membro da nossa Corte Suprema e se torna mero esbirro de um projeto partidário — nesse caso, tem até modelo a ser seguido. A “máquina” está lhe dizendo algo assim: “Ou se entrega, ou nós acabamos com a sua reputação”.
(...)
Íntegra AQUI.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
PARA O GOVERNO O BRASILEIRO PODE PAGAR, ENTÃO NÃO TEM DO QUE RECLAMAR
Na contramão da política do governo FHC, que incentivava a concorrência, o que favorecia o consumidor com quedas profundas nos preços de produtos e serviços, o governo petista, com o "horror" que tem pelo setor privado, vem facilitando fusões de bancos e empresas e isso está provocando um retrocesso nocivo à população, como o que está acontecendo com as empresas aéreas:
Leiam na coluna de Claudio Humberto:
Cade referenda o cartel das empresas aéreas
Tem algo errado no mundo do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça. Encarregada de combater cartéis, por ser prejudicial à livre concorrência, o Cade tem aprovado fusões de empresas aéreas. A Gol absorveu a Webjet e a Azul a Trip. E nós, consumidores, absorvemos os custos absurdos das passagens aéreas, reféns de um cartel paradoxalmente referendado pelo Cade.
Mãos ao alto
Além de esfolar a clientela, cobrando tarifas siderais, as empresas aéreas exigem até R$ 1 mil por reagendamento de viagens marcadas.
Nem aí
Como não precisa comprar passagens aéreas, a presidenta Dilma parece ignorar a imparável e crescente exploração das empresas áreas.
Leiam na coluna de Claudio Humberto:
Cade referenda o cartel das empresas aéreas
Tem algo errado no mundo do Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, do Ministério da Justiça. Encarregada de combater cartéis, por ser prejudicial à livre concorrência, o Cade tem aprovado fusões de empresas aéreas. A Gol absorveu a Webjet e a Azul a Trip. E nós, consumidores, absorvemos os custos absurdos das passagens aéreas, reféns de um cartel paradoxalmente referendado pelo Cade.
Mãos ao alto
Além de esfolar a clientela, cobrando tarifas siderais, as empresas aéreas exigem até R$ 1 mil por reagendamento de viagens marcadas.
Nem aí
Como não precisa comprar passagens aéreas, a presidenta Dilma parece ignorar a imparável e crescente exploração das empresas áreas.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
COMO SÃO CONSTRUÍDAS AS CONSPIRAÇÕES CONTRA OS QUE BUSCAM SER JUSTOS
Na corda bamba, por Ricardo Noblat
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), disse na semana passada que sai de cena com a sensação do dever cumprido.
Destacou o fato de ter contribuído para a condenação de 25 dos 37 réus do mensalão, o aumento da pena reservada a cada um e também da multa.
"Acho que cumpri com meu dever de relator do caso", concluiu Joaquim.
O STF voltará das férias só em fevereiro.
E então: perplexo com o fato de um ministro da Suprema Corte ilustrar a sensação do dever cumprido lembrando apenas os votos que deu para condenar réus, engordar penas e multas?
Como se fazer Justiça não fosse também absolver acusados?
Convencido, afinal, de que Joaquim se comportou como refém da vontade dos interessados num julgamento de exceção para prejudicar o PT?
(Abro um parêntese. Você deve estar se perguntando onde leu o que Joaquim comentou a respeito do seu próprio desempenho no julgamento mais longo da história do STF. E como não consegue lembrar onde foi, deve estar pensando o que o levou a proceder como uma pessoa sensata em seu último ato antes de sair temporariamente de cena. Sim, porque podendo mandar prender de imediato 11 dos condenados, preferiu não fazê-lo. Parêntese fechado.)
De O GLOBO na última quarta-feira: "O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, disse que sai de cena com a sensação do dever cumprido. Destacou o fato de ter contribuído para a absolvição de 12 dos 37 réus e a diminuição de multas impostas aos condenados. Mencionou que o 38º réu, Carlos Alberto Quaglia, teve o caso transferido para a primeira instância do Judiciário.
'Acho que cumpri com meu dever de revisor', declarou."
E aí? Perplexo com o fato de um ministro da mais alta corte da justiça ilustrar a sensação do dever cumprido citando apenas os votos que deu para absolver réus e abater penas?
Como se fazer Justiça não fosse também condenar acusados?
Convencido de que Lewandowski se comportou como quem ocupa cargo de confiança de livre nomeação do presidente da República ou do PT?
Preste atenção!
Joaquim não disse uma só das palavras que lhe atribuí.
Lewandowski disse todas que este jornal registrou.
Não ouvi ninguém criticar o ministro que menciona como provas do dever cumprido o número de réus que absolveu e as multas que conseguiu diminuir.
Joaquim quase foi levado ao pelourinho pelo simples fato de que poderia decidir onde os mensaleiros passariam as festas de fim de ano.
Em momento algum ele sugeriu que pretendesse antecipar a prisão dos condenados.
Há duas semanas, em conversa com jornalistas, confidenciou que jamais decidiria a questão sozinho.
A maioria dos seus colegas só concorda com a execução da pena de prisão depois que a sentença transite em julgado - algo previsto para ocorrer no segundo semestre de 2013.
Haveria graça em ser desautorizado mais tarde?
A presidência de Joaquim correu o risco de naufragar na semana passada.
Três ministros do STF espalharam aos quatro cantos que ele mandaria prender os mensaleiros.
O presidente da Câmara dos Deputados, num claro desafio ao Estado de Direito, ofereceu refúgio aos que o desejassem.
Seria inconcebível o desrespeito a uma ordem do presidente do STF. Como seria inconcebível a Polícia Federal invadir a Câmara à caça de deputados condenados. O impasse estaria criado.
Lewandowski, vice de Joaquim, e que se revezará com ele no plantão das férias do STF, comentou a propósito do pior que se desenhava: "Vai acabar sobrando para mim".
Chegada a sua vez, Lewandowski suspenderia a ordem de prisão dada por Joaquim.
Ao julgar o mérito, o plenário do STF daria razão a Lewandowski.
Imaginou como Joaquim ficaria?
O ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), disse na semana passada que sai de cena com a sensação do dever cumprido.
Destacou o fato de ter contribuído para a condenação de 25 dos 37 réus do mensalão, o aumento da pena reservada a cada um e também da multa.
"Acho que cumpri com meu dever de relator do caso", concluiu Joaquim.
O STF voltará das férias só em fevereiro.
E então: perplexo com o fato de um ministro da Suprema Corte ilustrar a sensação do dever cumprido lembrando apenas os votos que deu para condenar réus, engordar penas e multas?
Como se fazer Justiça não fosse também absolver acusados?
Convencido, afinal, de que Joaquim se comportou como refém da vontade dos interessados num julgamento de exceção para prejudicar o PT?
(Abro um parêntese. Você deve estar se perguntando onde leu o que Joaquim comentou a respeito do seu próprio desempenho no julgamento mais longo da história do STF. E como não consegue lembrar onde foi, deve estar pensando o que o levou a proceder como uma pessoa sensata em seu último ato antes de sair temporariamente de cena. Sim, porque podendo mandar prender de imediato 11 dos condenados, preferiu não fazê-lo. Parêntese fechado.)
De O GLOBO na última quarta-feira: "O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, disse que sai de cena com a sensação do dever cumprido. Destacou o fato de ter contribuído para a absolvição de 12 dos 37 réus e a diminuição de multas impostas aos condenados. Mencionou que o 38º réu, Carlos Alberto Quaglia, teve o caso transferido para a primeira instância do Judiciário.
'Acho que cumpri com meu dever de revisor', declarou."
E aí? Perplexo com o fato de um ministro da mais alta corte da justiça ilustrar a sensação do dever cumprido citando apenas os votos que deu para absolver réus e abater penas?
Como se fazer Justiça não fosse também condenar acusados?
Convencido de que Lewandowski se comportou como quem ocupa cargo de confiança de livre nomeação do presidente da República ou do PT?
Preste atenção!
Joaquim não disse uma só das palavras que lhe atribuí.
Lewandowski disse todas que este jornal registrou.
Não ouvi ninguém criticar o ministro que menciona como provas do dever cumprido o número de réus que absolveu e as multas que conseguiu diminuir.
Joaquim quase foi levado ao pelourinho pelo simples fato de que poderia decidir onde os mensaleiros passariam as festas de fim de ano.
Em momento algum ele sugeriu que pretendesse antecipar a prisão dos condenados.
Há duas semanas, em conversa com jornalistas, confidenciou que jamais decidiria a questão sozinho.
A maioria dos seus colegas só concorda com a execução da pena de prisão depois que a sentença transite em julgado - algo previsto para ocorrer no segundo semestre de 2013.
Haveria graça em ser desautorizado mais tarde?
A presidência de Joaquim correu o risco de naufragar na semana passada.
Três ministros do STF espalharam aos quatro cantos que ele mandaria prender os mensaleiros.
O presidente da Câmara dos Deputados, num claro desafio ao Estado de Direito, ofereceu refúgio aos que o desejassem.
Seria inconcebível o desrespeito a uma ordem do presidente do STF. Como seria inconcebível a Polícia Federal invadir a Câmara à caça de deputados condenados. O impasse estaria criado.
Lewandowski, vice de Joaquim, e que se revezará com ele no plantão das férias do STF, comentou a propósito do pior que se desenhava: "Vai acabar sobrando para mim".
Chegada a sua vez, Lewandowski suspenderia a ordem de prisão dada por Joaquim.
Ao julgar o mérito, o plenário do STF daria razão a Lewandowski.
Imaginou como Joaquim ficaria?
É razoável pensar que não ficasse.
domingo, 23 de dezembro de 2012
NÃO OLHAR PARA TRÁS
Miriam Leitão, O Globo
Não basta o governo investir, tem que investir certo. “Construir pirâmides não vai desenvolver o país”, diz Armínio Fraga. Trem-bala é pirâmide, na visão dele. Aliás, de muita gente. O governo está neste momento com nostalgia do modelo dos anos 1970. “Não sou pessimista com o Brasil a médio prazo, mas agora o governo está olhando demais para um modelo que deu errado.”
No domingo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o economista Edward Amadeo publicaram um artigo neste jornal se perguntando se não está chegando ao fim a herança bendita. Foi sobre isso que conversei com Fraga no programa da Globonews.
Por herança bendita, ele entende as reformas que o Brasil fez a partir da década de 1990. Abertura da economia, estabilização, modernização do Estado e inclusão dos mais pobres. (...)
— Mas, aos poucos, começou a mudar. Hoje, olhando para trás, dá para saber que a guinada começou no segundo mandato do presidente Lula.
Ele contrapõe o modelo novo, em que houve muitas reformas, com o velho, dos anos 50 a 70, em que houve pouca poupança, pouca ênfase na educação e na produtividade:
— Temos que nos organizar para avançar. No novo modelo, o Estado continua necessário — e nem seria diferente numa sociedade tão desigual quanto a nossa — mas para concentrar-se no que é mais importante. Nos outros setores, tem que atuar apenas como regulador. Hoje, o Estado está entrando cada vez mais na produção e está correndo riscos.
Um dos exemplos é o setor ferroviário. É uma velha demanda brasileira o investimento em ferrovias, mas o governo assumiu todos os riscos da ampliação de investimento e vai garantir a compra de toda a oferta de transporte que for criada:
— É muito melhor ter um setor privado que corre riscos e paga os preços das decisões que toma, e, portanto, tem que pensar bem antes de fazer um investimento, do que ter um Estado que garante tudo.
Ele acha que o BNDES deveria cobrar do setor privado aumento na participação do financiamento ao investimento:
— A história de países que alicerçaram o seu crescimento em bancos públicos não é boa, inclusive a nossa.
O ex-presidente do BC ressalta o ganho da queda dos juros, mas recomenda paciência e disciplina:
— A inflação vem acima da meta há algum tempo e isso não é bom. O governo tem recorrido a artifícios tributários e outros, como o dos combustíveis, para ajudar a inflação. Isso produz uma redução pontual dos preços. Não quer dizer que a inflação está resolvida. A taxa está bem alta no Brasil.
(...)
Não basta o governo investir, tem que investir certo. “Construir pirâmides não vai desenvolver o país”, diz Armínio Fraga. Trem-bala é pirâmide, na visão dele. Aliás, de muita gente. O governo está neste momento com nostalgia do modelo dos anos 1970. “Não sou pessimista com o Brasil a médio prazo, mas agora o governo está olhando demais para um modelo que deu errado.”
No domingo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o economista Edward Amadeo publicaram um artigo neste jornal se perguntando se não está chegando ao fim a herança bendita. Foi sobre isso que conversei com Fraga no programa da Globonews.
Por herança bendita, ele entende as reformas que o Brasil fez a partir da década de 1990. Abertura da economia, estabilização, modernização do Estado e inclusão dos mais pobres. (...)
— Mas, aos poucos, começou a mudar. Hoje, olhando para trás, dá para saber que a guinada começou no segundo mandato do presidente Lula.
Ele contrapõe o modelo novo, em que houve muitas reformas, com o velho, dos anos 50 a 70, em que houve pouca poupança, pouca ênfase na educação e na produtividade:
— Temos que nos organizar para avançar. No novo modelo, o Estado continua necessário — e nem seria diferente numa sociedade tão desigual quanto a nossa — mas para concentrar-se no que é mais importante. Nos outros setores, tem que atuar apenas como regulador. Hoje, o Estado está entrando cada vez mais na produção e está correndo riscos.
Um dos exemplos é o setor ferroviário. É uma velha demanda brasileira o investimento em ferrovias, mas o governo assumiu todos os riscos da ampliação de investimento e vai garantir a compra de toda a oferta de transporte que for criada:
— É muito melhor ter um setor privado que corre riscos e paga os preços das decisões que toma, e, portanto, tem que pensar bem antes de fazer um investimento, do que ter um Estado que garante tudo.
Ele acha que o BNDES deveria cobrar do setor privado aumento na participação do financiamento ao investimento:
— A história de países que alicerçaram o seu crescimento em bancos públicos não é boa, inclusive a nossa.
O ex-presidente do BC ressalta o ganho da queda dos juros, mas recomenda paciência e disciplina:
— A inflação vem acima da meta há algum tempo e isso não é bom. O governo tem recorrido a artifícios tributários e outros, como o dos combustíveis, para ajudar a inflação. Isso produz uma redução pontual dos preços. Não quer dizer que a inflação está resolvida. A taxa está bem alta no Brasil.
(...)
O BRASILEIRO PAGA CADA VEZ MAIS PELOS PIORES SERVIÇOS DO MUNDO
O pecado da gula, por Mary Zaidan
Na última quinta-feira, na mesma cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff anunciou a concessão dos aeroportos do Galeão e de Confins para a iniciativa privada, o País ganhou mais uma empresa estatal, a Infraero Serviços. O filhote da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária será a 128ª estatal brasileira, 25ª criada nos anos Lula-Dilma.
No final do governo militar, o País chegou a ter 213 estatais. Em 1990, eram 186. Em 2000, com a privatização de 41 delas, fusão e fechamento de outras, baixou para 103.
De 2003 para cá, a máquina pública só cresceu. E de forma alucinante: mais ministérios (hoje são 39), mais comissionamentos, mais conselhos consultivos, mais estatais.
Determinado a partidarizar o Estado e com voracidade ímpar por cargos, o PT chegou a criar uma estatal-fantasma, a Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016, e a ressuscitar a Telebrás, em 2008, com autorização de Lula para a emissão de R$ 200 milhões em ações.
A ex megaestatal de telefonia iria tocar um arrojadíssimo programa de banda larga barata, relançado sem a Telebrás dois anos depois, e do qual também não se tem mais notícia.
Tudo na conta dos brasileiros que, só neste ano, já pagaram mais de R$ 1, 4 trilhão em impostos.
Na festa dos aeroportos, Dilma voltou a dizer, sem se constranger com a mentira, que o País voltará a crescer forte em 2013, que quer um “Pibão” e que está reduzindo tributos.
Balela. Sob sua égide, a carga tributária passou de insuportáveis 35% do PIB para o impudor de 36%. Uma das maiores do planeta.
Com uma política de incentivos seletiva, recém-renovada para automóveis e linha branca, e um desacerto desconcertante em áreas cruciais como energia elétrica e petróleo, também não é possível assegurar crescimento alvissareiro em 2013, muito menos um “Pibão”.
E não serão mais estatais a processar milagres. Até porque a maior parte delas ou perde dinheiro por ingerência governamental, como aconteceu com a Eletrobrás e a Petrobrás, ou é símbolo de ineficiência.
Isso sem falar na tal da probidade, artigo cada vez mais raro. A Infraero Serviços, por exemplo, nasce no seio de uma empresa que, neste ano, teve 10 funcionários - cinco deles ex-diretores - denunciados pelo Ministério Público Federal por superfaturamento de R$ 1,2 bilhão em obras de 10 aeroportos do País.
Repassar para a iniciativa privada aeroportos, portos, estradas é um grande avanço para o PT, partido que demonizou privatizações. É a revisão da ideologia fracassada de que o Estado tudo faz.
Pena que, para satisfazer a gula do PT, a contrapartida seja a de que o Estado tudo pode.
Na última quinta-feira, na mesma cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff anunciou a concessão dos aeroportos do Galeão e de Confins para a iniciativa privada, o País ganhou mais uma empresa estatal, a Infraero Serviços. O filhote da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária será a 128ª estatal brasileira, 25ª criada nos anos Lula-Dilma.
No final do governo militar, o País chegou a ter 213 estatais. Em 1990, eram 186. Em 2000, com a privatização de 41 delas, fusão e fechamento de outras, baixou para 103.
De 2003 para cá, a máquina pública só cresceu. E de forma alucinante: mais ministérios (hoje são 39), mais comissionamentos, mais conselhos consultivos, mais estatais.
Determinado a partidarizar o Estado e com voracidade ímpar por cargos, o PT chegou a criar uma estatal-fantasma, a Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016, e a ressuscitar a Telebrás, em 2008, com autorização de Lula para a emissão de R$ 200 milhões em ações.
A ex megaestatal de telefonia iria tocar um arrojadíssimo programa de banda larga barata, relançado sem a Telebrás dois anos depois, e do qual também não se tem mais notícia.
Tudo na conta dos brasileiros que, só neste ano, já pagaram mais de R$ 1, 4 trilhão em impostos.
Na festa dos aeroportos, Dilma voltou a dizer, sem se constranger com a mentira, que o País voltará a crescer forte em 2013, que quer um “Pibão” e que está reduzindo tributos.
Balela. Sob sua égide, a carga tributária passou de insuportáveis 35% do PIB para o impudor de 36%. Uma das maiores do planeta.
Com uma política de incentivos seletiva, recém-renovada para automóveis e linha branca, e um desacerto desconcertante em áreas cruciais como energia elétrica e petróleo, também não é possível assegurar crescimento alvissareiro em 2013, muito menos um “Pibão”.
E não serão mais estatais a processar milagres. Até porque a maior parte delas ou perde dinheiro por ingerência governamental, como aconteceu com a Eletrobrás e a Petrobrás, ou é símbolo de ineficiência.
Isso sem falar na tal da probidade, artigo cada vez mais raro. A Infraero Serviços, por exemplo, nasce no seio de uma empresa que, neste ano, teve 10 funcionários - cinco deles ex-diretores - denunciados pelo Ministério Público Federal por superfaturamento de R$ 1,2 bilhão em obras de 10 aeroportos do País.
Repassar para a iniciativa privada aeroportos, portos, estradas é um grande avanço para o PT, partido que demonizou privatizações. É a revisão da ideologia fracassada de que o Estado tudo faz.
Pena que, para satisfazer a gula do PT, a contrapartida seja a de que o Estado tudo pode.
sábado, 22 de dezembro de 2012
O VOTO NO PT É UMA PROFISSÃO DE FÉ INCONDICIONAL, POIS NEM DEUS ESCAPA DA COBRANÇA DOS HUMANOS
Conforme a PESQUISA CNI/Ibope, a presidente Dilma bateu um novo recorde de aprovação pessoal: 78% dos brasileiros estão satisfeitos com sua atuação como presidente. Portanto, o pibinho de 1%, praticamente o pior índice da história do Brasil em relação aos outros países, mesmo com a propalada crise do primeiro mundo, é suficiente para um povo que se contenta com pouco.
De acordo com a pesquisa, o governo tem aceitação de 62% da população (ao final do segundo ano do primeiro mandato, FHC registrou 47% e Lula apenas 41%).
Portanto, gostaria de entender que matemática é essa, ou raciocínio equivocado de um povo que aprova o governo e a atuação da presidente, ao mesmo temo que reprova, na mesma proporção, a sua gestão nos setores mais importantes para a qualidade de vida das pessoas.
No caso de saúde, a reprovação pulou de 65% para 74%. A educação saiu de 51% para 56% e a segurança pública, de 57% para 68%.
De acordo com o levantamento, os mesmos entrevistados que consideram o governo Dilma uma maravilha, também declaram-se insatisfeitos com o rumo da economia. Caiu de 50% para 45% o número de brasileiros que aprovam a política de combate à inflação do governo, de 49% para 41% os que apoiam a política de redução de taxa de juros e subiu de 57% para 65% o número de insatisfeitos com a política de impostos do governo.
O que encanta o brasileiro na figura de Dilma Roussef diante desses resultados medíocres?
A quem, afinal, nosso povo atribui a responsabilidade pelo péssimo desempenho na condução do país?
A crítica da opinião pública, que normalmente tem como alvo apenas o Congresso, justificaria essa confusão?
Se for esse o motivo, faz muita falta a informação correta, que discrimine a função de cada Poder da República, como se fazia nos bancos escolares décadas atrás, para que a avaliação do governo corresponda aos fatos.
O mais grave é que se a eleição fosse hoje, Lula ou Dilma venceriam no primeiro turno. E provavelmente com o voto dos que reprovam sua gestão na saúde, na educação, na segurança e na economia.
COMO ENTENDER ESSA DICOTOMIA?
Na história recente, tornou-se um desafio identificar e definir critérios sobre a expectativa de nosso povo em relação aos poderes da República.
O resgate da credibilidade do Judiciário, com a estratosférica popularidade alcançada por alguns ministros do Supremo, principalmente Joaquim Barbosa, não se reflete na mesma pesquisa que aponta um índice baixíssimo de confiança na Justiça.
O cenário se inverte quanto à aprovação de Dilma e a confiança no governo federal, que se apresentam num patamar superior ao grau de contentamento com os resultados de suas ações.
Essas contradições têm se banalizado desde que o relativismo se consolidou como um fenômeno comum e corriqueiro.
O descaso com a cobrança abusiva de taxas e impostos, que não se traduz em serviços de qualidade compatíveis com o que se paga, representa um sistema que nos remete aos primórdios da civilização - a política do pão e circo é significativa para ilustrar um dos episódios marcantes nos relacionamentos entre sociedade e estado - no qual se impõe deveres, obrigações e sacrifícios, sendo justos ou não, em troca da distração que aliena a mente das pessoas e de migalhas que tapeiam o povo carente.
Certo personagem questionou o pagamento de "um quinto" e foi condenado à forca. Atualmente sofremos um "assalto" de quase metade do que nos pertence e ficamos resignados.
SALVE A COPA DO MUNDO E A OLIMPÍADA NO BRASIL!!!
Uma parcela da sociedade ainda resiste a esse padrão de mediocridade e se esforça num combate praticamente solitário para que o Brasil se transforme e conquiste muitas glórias que correspondam ao seu potencial humano e econômico, mas conta-se nos dedos quantos quantos políticos compartilham desse ideal - quase todos estão muito bem acomodados, de joelhos, porém satisfeitos, na ampla base de apoio ao governo federal.
Aqueles que sempre desprezaram e atacaram as oligarquias nos palanques, hoje se encontram de braços dados com os mesmos. A velha política que se arrastava moribunda no final dos anos noventa ressuscitou com uma força nunca vista. E tudo isso sob os aplausos dos setores mais influentes da grande mídia e, por conseguinte, do povo que pouco lê, mas que forma sua opinião de acordo com o que ouve nas análises geralmente pautadas pelos donos do poder.
O que simboliza o poder atual e que contagia as pessoas é a propaganda ufanista, que mostra um país que não precisa de mais nada, nem da nossa caridade, pois o partido que governa o Brasil já resolveu tudo e, mesmo já se passando dez longos anos, nosso povo ainda se alimenta de esperança, como se as palavras proferidas nos palanques pudessem funcionar como um consolo para quem nada tem, mas que acredita que tudo aquilo que é prometido está ao alcance de suas mãos.
O inconsciente coletivo assimilou a versão produzida por marqueteiros e que poucos ousam contestar, e o eleitor confirma sua credulidade nas pesquisas e nas urnas, ou seja, a desigualdade caiu fortemente, milhões de miseráveis migraram para a classe média, o desemprego é quase inexistente, o país voltou a crescer como nunca, o melhor ministro da Educação foi eleito prefeito de São Paulo, mesmo que o Brasil tenha a pior avaliação do planeta nesse quesito, e muitas outras maravilhas que fazem do Brasil uma referência no mundo.
Os índices são tão artificiais que muitos brasileiros são excluídos das estatísticas, como acontece com MILHÕES (mais de sessenta e seis milhões) que não querem trabalhar, mas não são considerados desempregados. Os noticiários divulgam a versão que interessa ao governo e não esclarecem a realidade dos fatos, o porquê dos dados tão favoráveis apesar do apagão de mão-de-obra.
O "P" de Pátria amada pode ter seu significado tranquilamente substituído no hino por "Partido" amado ou "presidente" amado ou amada, dependendo de quem ocupe a cadeira, no sistema de revezamento que põe fim ao princípio democrático da alternância de poder entre partidos.
O dilema de agora em diante é saber qual petista será eleito.
Essas contradições têm se banalizado desde que o relativismo se consolidou como um fenômeno comum e corriqueiro.
O descaso com a cobrança abusiva de taxas e impostos, que não se traduz em serviços de qualidade compatíveis com o que se paga, representa um sistema que nos remete aos primórdios da civilização - a política do pão e circo é significativa para ilustrar um dos episódios marcantes nos relacionamentos entre sociedade e estado - no qual se impõe deveres, obrigações e sacrifícios, sendo justos ou não, em troca da distração que aliena a mente das pessoas e de migalhas que tapeiam o povo carente.
Certo personagem questionou o pagamento de "um quinto" e foi condenado à forca. Atualmente sofremos um "assalto" de quase metade do que nos pertence e ficamos resignados.
SALVE A COPA DO MUNDO E A OLIMPÍADA NO BRASIL!!!
Uma parcela da sociedade ainda resiste a esse padrão de mediocridade e se esforça num combate praticamente solitário para que o Brasil se transforme e conquiste muitas glórias que correspondam ao seu potencial humano e econômico, mas conta-se nos dedos quantos quantos políticos compartilham desse ideal - quase todos estão muito bem acomodados, de joelhos, porém satisfeitos, na ampla base de apoio ao governo federal.
Aqueles que sempre desprezaram e atacaram as oligarquias nos palanques, hoje se encontram de braços dados com os mesmos. A velha política que se arrastava moribunda no final dos anos noventa ressuscitou com uma força nunca vista. E tudo isso sob os aplausos dos setores mais influentes da grande mídia e, por conseguinte, do povo que pouco lê, mas que forma sua opinião de acordo com o que ouve nas análises geralmente pautadas pelos donos do poder.
O que simboliza o poder atual e que contagia as pessoas é a propaganda ufanista, que mostra um país que não precisa de mais nada, nem da nossa caridade, pois o partido que governa o Brasil já resolveu tudo e, mesmo já se passando dez longos anos, nosso povo ainda se alimenta de esperança, como se as palavras proferidas nos palanques pudessem funcionar como um consolo para quem nada tem, mas que acredita que tudo aquilo que é prometido está ao alcance de suas mãos.
O inconsciente coletivo assimilou a versão produzida por marqueteiros e que poucos ousam contestar, e o eleitor confirma sua credulidade nas pesquisas e nas urnas, ou seja, a desigualdade caiu fortemente, milhões de miseráveis migraram para a classe média, o desemprego é quase inexistente, o país voltou a crescer como nunca, o melhor ministro da Educação foi eleito prefeito de São Paulo, mesmo que o Brasil tenha a pior avaliação do planeta nesse quesito, e muitas outras maravilhas que fazem do Brasil uma referência no mundo.
Os índices são tão artificiais que muitos brasileiros são excluídos das estatísticas, como acontece com MILHÕES (mais de sessenta e seis milhões) que não querem trabalhar, mas não são considerados desempregados. Os noticiários divulgam a versão que interessa ao governo e não esclarecem a realidade dos fatos, o porquê dos dados tão favoráveis apesar do apagão de mão-de-obra.
O "P" de Pátria amada pode ter seu significado tranquilamente substituído no hino por "Partido" amado ou "presidente" amado ou amada, dependendo de quem ocupe a cadeira, no sistema de revezamento que põe fim ao princípio democrático da alternância de poder entre partidos.
O dilema de agora em diante é saber qual petista será eleito.
A MULHER DO ANO É A CARA DO BRASIL DO PT
"Nesses tempos de devoção às minorias, não é justo deixar de destacar a contribuição de Rosemary Noronha para a causa feminina. O Brasil progressista explode de orgulho por ser governado por uma mulher — que aliás deu a Rosemary sua chance de brilhar — e não pode agora se esquecer de reverenciar mais uma expoente do gênero. Assim como Dilma, Rose chegou lá. O fato de estar enrolada com a polícia é um detalhe.
Rose e Dilma escreveram seus nomes na história do Brasil por serem, ambas, utensílios de Lula. A finalidade de cada uma para o ex-presidente não vem ao caso. O que importa é que ambas funcionaram muito bem. Como se nota pelo ufanismo nacional em torno de Dilma, não se espera mais da mulher moderna opinião própria, autonomia e iniciativa. Basta botar um tailleur vermelho, um colar de pérolas e decorar suas falas. E muito importante: falar o mínimo, para errar pouco. Até outro dia isso era piada entre Miguel Falabella e Marisa Orth (“cala a boca, Magda!”). Hoje é sinal de poder.
O grande símbolo feminino brasileiro da atualidade, que desperta a admiração de Jane Fonda — que tempos! — não tinha feito nada de extraordinário na vida até ser levada pela mão do padrinho ao topo. O feminismo realmente mudou muito.
Lá chegando, seu maior mérito foi usar vestido e não ser o Lula (para os que não suportavam mais o ogro bravateiro), ou ser o Lula de vestido (para os que seguem venerando o filho do Brasil). Sem nenhum plano de governo, com um ministério fisiológico de cabo a rabo, sem um mísero ato de estadista em dois anos de mandato, Dilma se destaca por ser ou não ser Lula, dependendo do ponto de vista. É a apoteose da nulidade, que o Brasil progressista e feminista consagra com aprovação recorde.
Diante desses novos valores, seria injusto não consagrar Rosemary também. A representante da Presidência da República em São Paulo fez exatamente o que Dilma fez em Brasília: cacifada por Lula, passou a reger o parasitismo do PT, cuidando da nomeação de companheiros e dando blindagem política às suas peripécias para sucção do Estado.
No caso de Dilma, a grande orquestra fisiológica foi desmoronando ao vivo, com nada menos que sete ministros nomeados (e protegidos até o fim) por ela caindo de podres, graças à ação da imprensa. A mulher-modelo de Jane Fonda ainda havia parido uma Erenice, a quem preparava para ser a dama de ferro de seu governo (Jane não pode imaginar o que seria isso) — derrubada por fazer na Casa Civil algo muito parecido com as operações fantásticas de Rosemary. Até o uso da Anac como balcão de negócios se repetiu. Por que só Dilma é ícone feminino, se Rosemary mostrou ser um prodígio da mesma escola?
Por algum mistério insondável, a Polícia Federal não fez escutas nos telefones de Rose, ou diz que não fez. As conversas da mulher que regia uma quadrilha grudada em Lula, se apresentando como sua namorada, e que tramou até sabotagem ao julgamento do mensalão — o mesmo que Lula tentara com Gilmar Mendes — não interessou aos investigadores. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não havia motivos para grampear Rosemary — uma suspeita que está impedida pela Justiça de sair de sua cidade. Esses ministros farsescos do PT podiam ao menos ser mais criativos. Mas não precisa, porque o Brasil engole qualquer coisa.
Marcos Valério disse que Lula teve despesas pagas pelo esquema do mensalão e autorizou operações bancárias do valerioduto. É comovente a desimportância atual dessas declarações. Lula é o líder de um projeto político montado para a permanência no poder a qualquer custo — e essa fraude está exaustivamente demonstrada pelo mensalão, por Dirceu, Erenice, Palocci, Pimentel, aloprados, Rosemary e praticamente todo o estado-maior petista, tanto de Lula quanto de Dilma, flagrados em tráfico de influência para se aferrar ao poder na marra. O que mais é preciso denunciar?
O eleitor brasileiro está brincando com fogo. Enquanto o desemprego estiver baixo, vai continuar afiançando a fraude que finge não ver. O país vai sendo empurrado com a barriga pelos fisiológicos — e essa conta vai chegar. O governo desistiu de controlar a inflação, que vai se afastando da meta (apesar da mudança de cálculo que reduziu o índice). A gastança pública é disfarçada com truques contábeis para esconder o déficit. A arrecadação brutal banca a farra dos companheiros, sem sobra para investimentos decentes — e tome literatura de trem-bala e tarifas mentirosas de energia, que já multiplicam os apagões por manutenção precária.
Como se viu na funesta CPI do Cachoeira, a mafiosa Delta comandava o planejamento da infraestrutura terrestre. Mas está tudo bem, e oito governadores podem ir de cara limpa prestigiar Lula e sua democracia de aluguel.
Se este é o país que queremos, Rosemary é a mulher do ano."
*
Rose e Dilma escreveram seus nomes na história do Brasil por serem, ambas, utensílios de Lula. A finalidade de cada uma para o ex-presidente não vem ao caso. O que importa é que ambas funcionaram muito bem. Como se nota pelo ufanismo nacional em torno de Dilma, não se espera mais da mulher moderna opinião própria, autonomia e iniciativa. Basta botar um tailleur vermelho, um colar de pérolas e decorar suas falas. E muito importante: falar o mínimo, para errar pouco. Até outro dia isso era piada entre Miguel Falabella e Marisa Orth (“cala a boca, Magda!”). Hoje é sinal de poder.
O grande símbolo feminino brasileiro da atualidade, que desperta a admiração de Jane Fonda — que tempos! — não tinha feito nada de extraordinário na vida até ser levada pela mão do padrinho ao topo. O feminismo realmente mudou muito.
Lá chegando, seu maior mérito foi usar vestido e não ser o Lula (para os que não suportavam mais o ogro bravateiro), ou ser o Lula de vestido (para os que seguem venerando o filho do Brasil). Sem nenhum plano de governo, com um ministério fisiológico de cabo a rabo, sem um mísero ato de estadista em dois anos de mandato, Dilma se destaca por ser ou não ser Lula, dependendo do ponto de vista. É a apoteose da nulidade, que o Brasil progressista e feminista consagra com aprovação recorde.
Diante desses novos valores, seria injusto não consagrar Rosemary também. A representante da Presidência da República em São Paulo fez exatamente o que Dilma fez em Brasília: cacifada por Lula, passou a reger o parasitismo do PT, cuidando da nomeação de companheiros e dando blindagem política às suas peripécias para sucção do Estado.
No caso de Dilma, a grande orquestra fisiológica foi desmoronando ao vivo, com nada menos que sete ministros nomeados (e protegidos até o fim) por ela caindo de podres, graças à ação da imprensa. A mulher-modelo de Jane Fonda ainda havia parido uma Erenice, a quem preparava para ser a dama de ferro de seu governo (Jane não pode imaginar o que seria isso) — derrubada por fazer na Casa Civil algo muito parecido com as operações fantásticas de Rosemary. Até o uso da Anac como balcão de negócios se repetiu. Por que só Dilma é ícone feminino, se Rosemary mostrou ser um prodígio da mesma escola?
Por algum mistério insondável, a Polícia Federal não fez escutas nos telefones de Rose, ou diz que não fez. As conversas da mulher que regia uma quadrilha grudada em Lula, se apresentando como sua namorada, e que tramou até sabotagem ao julgamento do mensalão — o mesmo que Lula tentara com Gilmar Mendes — não interessou aos investigadores. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que não havia motivos para grampear Rosemary — uma suspeita que está impedida pela Justiça de sair de sua cidade. Esses ministros farsescos do PT podiam ao menos ser mais criativos. Mas não precisa, porque o Brasil engole qualquer coisa.
Marcos Valério disse que Lula teve despesas pagas pelo esquema do mensalão e autorizou operações bancárias do valerioduto. É comovente a desimportância atual dessas declarações. Lula é o líder de um projeto político montado para a permanência no poder a qualquer custo — e essa fraude está exaustivamente demonstrada pelo mensalão, por Dirceu, Erenice, Palocci, Pimentel, aloprados, Rosemary e praticamente todo o estado-maior petista, tanto de Lula quanto de Dilma, flagrados em tráfico de influência para se aferrar ao poder na marra. O que mais é preciso denunciar?
O eleitor brasileiro está brincando com fogo. Enquanto o desemprego estiver baixo, vai continuar afiançando a fraude que finge não ver. O país vai sendo empurrado com a barriga pelos fisiológicos — e essa conta vai chegar. O governo desistiu de controlar a inflação, que vai se afastando da meta (apesar da mudança de cálculo que reduziu o índice). A gastança pública é disfarçada com truques contábeis para esconder o déficit. A arrecadação brutal banca a farra dos companheiros, sem sobra para investimentos decentes — e tome literatura de trem-bala e tarifas mentirosas de energia, que já multiplicam os apagões por manutenção precária.
Como se viu na funesta CPI do Cachoeira, a mafiosa Delta comandava o planejamento da infraestrutura terrestre. Mas está tudo bem, e oito governadores podem ir de cara limpa prestigiar Lula e sua democracia de aluguel.
Se este é o país que queremos, Rosemary é a mulher do ano."
*
Artigo "Rosemary, a mulher do ano", de Guilherme Fiúza, publicado hoje, em O Globo.
MÃO GRANDE NO NOSSO DINHEIRO - NÓS PAGAMOS A CONTA DO IMPÉRIO DAS ESTATAIS
Miriam Leitão, O Globo
O governo criou mais uma estatal. Não é notícia velha. Fez isso de novo ontem. Ao anunciar que privatizará os aeroportos do Galeão e de Confins, o governo deu à luz a Infraero Serviços.
Quando divulgou o plano de investimento em ferrovia, criou a Empresa de Planejamento e Logística. Criou também a Segurobrás e a Amazul. Elas nascem do nada e são criaturas que se reproduzem.
Alguém tem que avisar à presidente Dilma Rousseff que o modelo econômico do governo militar fracassou.
Naquele finado regime, que ela combateu, foram criadas estatais que se tornaram gigantes, deficitárias, ineficientes. Com raras e honrosas exceções.
Para que mesmo se quer uma segunda Infraero na hora que o governo está privatizando aeroportos? Pela explicação do responsável de plantão, a nova criatura vai atuar em parceria com operadores internacionais na prestação de serviços.
Uma estatal que mal presta os serviços que deveria prestar cria agora uma nova empresa para especificamente prestar serviços.
Em agosto, criou-se a Agência Brasileira Gestora de Fundos e Garantias. Sua função era fazer o seguro dos riscos envolvidos no pacote de infraestrutura.
O pacote, aliás, trouxe a bordo a estatal Empresa de Planejamento e Logística (EPL). A EPL nasceu da Etav, que havia sido criada para gerir o trem-bala. Além disso, o governo aumentou as funções da Valec, que vinha de escândalos e ineficiências.
Dias antes, também no mês de agosto, nasceu a Amazul, a empresa de número 126 no coletivo de estatais brasileiras. A Amazul, por sua vez, nasceu da Engepron. Ou seja, as engenhocas se reproduzem.
O nome completo das distintas: Amazul, Amazônia Azul Tecnologias de Defesa; Engepron, Empresa Gerencial de Projetos Navais. Se você não está ligando o nome ao projeto, não está sozinho.
Em levantamento feito meses atrás, o jornal “Estado de S. Paulo” falava em oito estatais criadas nos governos Lula/Dilma. Mas a fábrica continuou ativa. Há as que não sobrevivem, mas antes de deixarem esse mundo consomem recursos públicos.
Foi o que aconteceu com o Banco Popular do Brasil, que nasceu no final de 2003, teve prejuízo em 2004, começou a ser desativado em 2005 e foi oficialmente sepultado em 2010.
Você pode não saber para que servem, mas é seu o dinheiro que pagará a conta dos extemporâneos delírios estatistas de Brasília.
Foi o que aconteceu com o Banco Popular do Brasil, que nasceu no final de 2003, teve prejuízo em 2004, começou a ser desativado em 2005 e foi oficialmente sepultado em 2010.
Outras sobrevivem, como a Petro-sal, que será responsável pela gestão dos contratos de partilha de produção e comercialização de petróleo e gás do pré-sal. Isso faz com que o Brasil tenha duas estatais de petróleo.
Foi criada uma empresa para fazer hemoderivados e outra para administrar unidades hospitalares, a EBSERVH. Uma para fazer chips, a Ceitec.
Foi lançada também uma Empresa Brasileira do Legado Esportivo Brasil 2016. Ela já foi extinta e deixou como legado um prejuízo de R$ 4,6 milhões.
Uma das criaturas tem nome inesperado: Agnes. Quer dizer: Águas de Integração do Nordeste Setentrional. Como se pode imaginar, cuidará do Rio São Francisco quando ele for transposto.
A Empresa de Planejamento Energético, ao contrário de várias das suas irmãs, tem existência no mundo real, mas uma parte do seu financiamento acaba de falecer. Recebia 3% da Reserva Global de Reversão, um penduricalho da conta de luz que foi extinto na última mudança do setor elétrico.
Empresas para produzir derivados de sangue, administrar hospitais, gerir águas de um rio, fabricar chips, criar equipamentos para a Marinha, cuidar de trens, comprar a oferta de carga dos trens, oferecer seguros para projetos estatais e prestar serviços aeroportuários dentro da estatal de infraestrutura aeroportuária.
Você pode não saber para que servem, mas é seu o dinheiro que pagará a conta dos extemporâneos delírios estatistas de Brasília.
Leia em Criaturas do Estado
CONTA-GOTAS
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
Concluído o julgamento do mensalão, começam a ser revelados detalhes da negociação de delação premiada entre Marcos Valério Fernandes de Souza e o Ministério Público; aparecem também as primeiras provas materiais.
As tratativas estão em andamento desde que o Supremo Tribunal Federal decidiu pela condenação dele a 40 anos de prisão, mas foram mantidas em sigilo para não perturbar o processo em curso.
Primeiro soubemos que houve um depoimento no dia 24 de setembro. Recebido com bastante descrédito devido ao histórico do depoente, especialista em ameaças não cumpridas. Os ministros do STF mantiveram-se discretos, embora alguns (Joaquim Barbosa, Carlos Ayres Britto e Celso de Mello, pelo menos) tivessem pleno conhecimento do que se passava.
O lance seguinte veio já na reta final do julgamento, quando tomamos conhecimento de que, para tentar conseguir regime especial de execução das penas presentes e futuras, Valério acrescentou novidade ao caso, incluindo o ex-presidente Lula no rol dos beneficiários do mensalão.
Agora surgem os documentos, relata reportagem do Estado. O braço executivo da quadrilha entregou à procuradoria o número de três contas no exterior nas quais diz ter feito depósitos para pagamento de serviços de artistas e publicitários para campanhas eleitorais do PT.
Anexou também às declarações feitas ao MP cópia do cheque no valor de R$ 98.500, emitido pela já notória SMPB à empresa Caso, de propriedade de Freud Godoy, amigo, guarda-costas-chefe de Lula.
A ofensiva de protestos contra a inclusão do nome do ex-presidente na história do mensalão parece ter o intuito de intimidar o candidato a delator.
Inclui até governadores, mas não terá efeito prático se as provas de Marcos Valério forem consideradas suficientemente robustas para convencer a procuradoria a recomendar à Justiça a concessão de benefícios pela delação.
Leia a íntegra em Conta-gotas
SISTEMA PROMÍSCUO NAS RELAÇÕES ENTRE PODERES E INSTITUIÇÕES
O Líder do PSDB, senador Alvaro Dias, fez um balanço de 2012, criticando a estrutura agigantada do Estado, o apetite fisiológico dos que apoiam o governo, a ausência de reformas e as oportunidades desperdiçadas.
O Líder também apontou a ausência de uma liderança do Executivo capaz de administrar os conflitos de interesses.
Álvaro Dias traça o perfil de um governo que não investe porque gasta fortunas com publicidade e com o pagamento de altos salários de milhares de companheiros e aliados nomeados para cargos na máquina pública. Mesmo concentrando os recursos do que o Brasil arrecada em taxas e impostos, Dilma continua com as práticas já conhecidas que foram adotadas por Lula, ou seja, o aparelhamento do estado e o balcão de negócios para "comprar" apoios aos projetos de seu interesse.
Por esse e outros motivos, o patrimônio construído com o Plano Real está sendo dilapidado e inibe a capacidade de investir e o crescimento econômico do país.
” Há uma crise política no País e um conflito de interesses entre unidades da federação , com a União concentrando exageradamente os recursos, não estabelecendo isonomia na partilha dos recursos arrecadados através da cobrança de impostos. Fica a impressão de que a presidente Dilma não tem aptidão para o exercício da liderança política e não encontrou auxiliares que possam compensar a sua ausência. Nós não tivemos a presença do Executivo no debate dos royalties, não estamos tendo a presença do Executivo no debate do pacto federativo. O Congresso é um almoxarifado do governo, porque é submisso em relação ao sistema implantado que é o do balcão de negócios. Esta é a tragédia brasileira: um sistema promíscuo com um Congresso desequilibrado na representação popular “.
O Líder também apontou a ausência de uma liderança do Executivo capaz de administrar os conflitos de interesses.
Álvaro Dias traça o perfil de um governo que não investe porque gasta fortunas com publicidade e com o pagamento de altos salários de milhares de companheiros e aliados nomeados para cargos na máquina pública. Mesmo concentrando os recursos do que o Brasil arrecada em taxas e impostos, Dilma continua com as práticas já conhecidas que foram adotadas por Lula, ou seja, o aparelhamento do estado e o balcão de negócios para "comprar" apoios aos projetos de seu interesse.
Por esse e outros motivos, o patrimônio construído com o Plano Real está sendo dilapidado e inibe a capacidade de investir e o crescimento econômico do país.
Balanço de 2012
” Há uma crise política no País e um conflito de interesses entre unidades da federação , com a União concentrando exageradamente os recursos, não estabelecendo isonomia na partilha dos recursos arrecadados através da cobrança de impostos. Fica a impressão de que a presidente Dilma não tem aptidão para o exercício da liderança política e não encontrou auxiliares que possam compensar a sua ausência. Nós não tivemos a presença do Executivo no debate dos royalties, não estamos tendo a presença do Executivo no debate do pacto federativo. O Congresso é um almoxarifado do governo, porque é submisso em relação ao sistema implantado que é o do balcão de negócios. Esta é a tragédia brasileira: um sistema promíscuo com um Congresso desequilibrado na representação popular “.
HORA DA SENSATEZ
Miriam Leitão, O Globo
A acertada decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal desanuviou o clima. Bom momento para pensar sobre os eventos dos últimos dias.
O PT enfraquece a democracia quando a compara a um regime de exceção, o presidente da Câmara dos Deputados afronta princípios constitucionais, e o Senado esteve a um passo de desmoralizar o processo legislativo.
Joaquim Barbosa se debruçou sobre um caso em que não havia jurisprudência. O Supremo, como o nome diz, é a última instância, mas existem caminhos para recorrer a ele mesmo na finalização do processo. Os recursos não são manobras protelatórias, são direitos.
Os condenados têm endereço certo, responderam em liberdade e tiveram passaportes recolhidos. O melhor é que o momento da prisão seja decidido quando estiverem esgotados os recursos e pelo voto do colegiado.
Certamente, não foram as frequentes ameaças do Partido dos Trabalhadores, e de vários dos seus dirigentes, que sedimentaram a decisão tomada pelo presidente do STF. Foi a decisão acertada.
Superada a tensão em relação ao risco de prisão imediata dos condenados, é bom refletir sobre o espetáculo dos últimos dias que mostrou o quanto o ambiente tem se degradado por ação ou omissão de líderes políticos e governantes.
As declarações do presidente da Câmara, Marco Maia, são sempre tão inadequadas que só resta o consolo de que o seu mandato na presidência está acabando. A ideia de usar a instituição que preside como refúgio de criminosos é espantosa. Pelo menos um dos deputados tem sido presença constante em escândalos.
O que o deputado Marco Maia faz é para seguir o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, que deu a seguinte ordem à sua facção partidária: “O importante agora é reforçar Marco Maia e depois é a hora de ir para a rua.”
Maia dispõe da Câmara como se ela fosse uma trincheira de José Dirceu.
Leia a íntegra em Hora da sensatez
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
LULA E OS "VAGABUNDOS" COM AR-CONDICIONADO
Por que Lula é o mais solitário dos homens
Lula não! Segundo ele mesmo e seus sectários, existe um “Lula” que está num patamar superior, jamais alcançado por qualquer ser ou ente — e isso inclui o mundo religioso.
Certo! Digamos que ele fosse apenas um oráculo; digamos que fosse apenas uma referência e uma fonte permanente a jorrar sabedoria, temperança, prudência, paz, entendimento, união, generosidade, inclusão — listem aí todos os substantivos que costumam acompanhar esses gurus orientais que volta e meia aparecem.
E noto: eu não estou recomendado que seja, não! Estando, como está, no gozo pleno de seus direitos políticos, que faça política, ora essa! Não estou, em suma, sugerindo que ele seja ignorado se ficar quieto. Isso não é condição que se imponha a ninguém na democracia. Ele, sim, lembro à margem, sugeriu mais de uma vez que seus adversários fossem cuidar dos netos. Ele, sim, sugeriu mais de uma vez que tucanos como FHC ou Serra vivessem um segundo exílio, desta vez dentro do próprio país.
Aliás, segundo se apurou no processo do mensalão — com depoimentos de testemunhas e réus — parte das reuniões que figuram como capítulos do escândalo foi realizada no Palácio do Planalto. Com ar-condicionado, sim, senhores. E INDUBITAVELMENTE COM A PRESENÇA DE VAGABUNDOS. Alguns dos vagabundos vão para a cadeia.
Por Reinaldo Azevedo
Luiz Inácio Lula da Silva é um político ou uma entidade que paira acima do bem e do mal, imune a qualquer crítica? É alguém que, a exemplo de tantos outros, participa da disputa pelo poder ... ou é um demiurgo?
Notem: se eu escrevesse aqui, e eu jamais escreveria, que todas as análises críticas que se possam fazer de Cristo ou de Paulo, o Apóstolo, são, de saída, despropositadas e decorrentes da má-fé, certamente apareceria alguém, e não despido de razão, para acusar meu obscurantismo. Mesmo para os que temos fé, é preciso admitir, o contraditório é parte do jogo. Cristo ou São Paulo podem, assim, ser submetidos ao livre exame.
Reivindica-se para ele, de maneira desabrida, absurda, insana, a condição de intocável, inimputável, inalcançável por qualquer lei, código ou, por certo, crítica política.
Mas Lula é isso?
Lula tem o direito de fazer política. (...) Que colunistas da grande imprensa, no entanto, se dediquem ao vexame de cobrar que um político militante, que pode falar uma linguagem muito virulenta, fique imune à crítica, à investigação e às leis, bem, aí estamos no terreno do incompreensível; estamos diante de uma evidência clara de que até o ambiente por excelência da liberdade de imprensa já se deixou conspurcar. Adiante.
Os “vagabundos”
Lula compareceu à posse do novo presidente do sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, nesta quarta.
(...)
Lula compareceu à posse do novo presidente do sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, nesta quarta.
(...)
Antes que avance, pergunto: o que é “mexer com Lula”?
Noticiar que Marcos Valério deu um depoimento ao Ministério Público e o acusou de beneficiário pessoal do esquema do mensalão?
Noticiar que, segundo o ex-operador da lambança, ele sempre soube de tudo e até participou da celebração de alguns acordos?
Os “lulistas” deveriam cobrar a traição — ou, como querem, “a mentira” — de seu ex-amigo; daquele que transitava com tanta desenvoltura nos bastidores do poder que marcava reuniões com diretores do Banco Central como quem diz “hoje é quarta-feira”; daquele que garantia o fluxo de dinheiro para os parlamentares da base aliada. Eles fizeram acordo com Valério, não seus críticos.
Noticiar que Marcos Valério deu um depoimento ao Ministério Público e o acusou de beneficiário pessoal do esquema do mensalão?
Noticiar que, segundo o ex-operador da lambança, ele sempre soube de tudo e até participou da celebração de alguns acordos?
Os “lulistas” deveriam cobrar a traição — ou, como querem, “a mentira” — de seu ex-amigo; daquele que transitava com tanta desenvoltura nos bastidores do poder que marcava reuniões com diretores do Banco Central como quem diz “hoje é quarta-feira”; daquele que garantia o fluxo de dinheiro para os parlamentares da base aliada. Eles fizeram acordo com Valério, não seus críticos.
O que é “mexer com Lula”?
Deflagrar a “Operação Porto Seguro”? Bem, os valentes poderiam ir lá protestar às portas da Polícia Federal, tantas vezes exaltadas nos 10 anos de governo petista como exemplo de instituição que funciona. Ou não funcionou desta vez porque chegou perigosamente perto da “Suprassantidade”?
O que é “mexer com Lula”?
Noticiar os desdobramentos dessa operação? Ou, então, a oposição pedir investigação?
Deflagrar a “Operação Porto Seguro”? Bem, os valentes poderiam ir lá protestar às portas da Polícia Federal, tantas vezes exaltadas nos 10 anos de governo petista como exemplo de instituição que funciona. Ou não funcionou desta vez porque chegou perigosamente perto da “Suprassantidade”?
O que é “mexer com Lula”?
Noticiar os desdobramentos dessa operação? Ou, então, a oposição pedir investigação?
Avancemos. A posse do companheiro sindicalista serviu de pretexto para o ato de desagravo. E Lula discursou por quarenta minutos. (...)
Aquele mesmo que foi à TV satanizar seus adversários em recente campanha eleitoral voltou a mostrar as garras. Afirmou: “Só existe uma possibilidade de eles me derrotarem: é trabalhar mais do que eu. Mas, se ficar um vagabundo em uma sala com ar-condicionado falando mal de mim, vai perder”.
“Vagabundo em sala com ar-condicionado”?
Pois é… Ar-condicionado existe, por exemplo, lá no Instituto Lula, onde se organizou boa parte das indignidades tentadas na CPI do Cachoeira para incriminar a imprensa, a Procuradoria-Geral e ministros do STF.
Ar-condicionado existe lá no Instituto Lula, onde se montou a, digamos assim, central de inteligência da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura; ar-condicionado existe lá no Instituto Lula, onde se cuida, depois das denúncias de Valério e do Rosegate, da “resistência e reação”.
Essa oposição de que cuida o Apedeuta é falsa como nota de R$ 3. Já não existe mais o “Partido do Paço” contra o “Partido do Passo”, para citar uma oposição de um sermão de Padre Vieira. Nenhum partido é hoje mais palaciano do que o PT.
(...)
Narciso
Nunca antes na história destepaiz houve alguém que se amasse tanto. Já especulei aqui que o Lula de verdade deve sentir certo ciúme do Lula da sua própria imaginação. Ele disse mais: “Como eles previam o meu fracasso, eu era o próprio Titanic, mas sem Romeu e Julieta, só eu e o povo. Eles não perceberam a construção que nós fizemos”.
Nunca antes na história destepaiz houve alguém que se amasse tanto. Já especulei aqui que o Lula de verdade deve sentir certo ciúme do Lula da sua própria imaginação. Ele disse mais: “Como eles previam o meu fracasso, eu era o próprio Titanic, mas sem Romeu e Julieta, só eu e o povo. Eles não perceberam a construção que nós fizemos”.
Suponho que chama de “Romeu e Julieta” o casal amoroso daquele filme do navio que afunda… O mais espetacular dessa construção é a sua falsidade. Aconteceu justamente o contrário: procedam a uma pesquisa, e vocês verão que PSDB e PFL se juntaram no apoio ao então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, nas necessárias medidas de austeridade. Quem tentava derrubar Palocci, como todo mundo sabe, eram alguns petistas — a começar de Aloizio Mercadante, que tinha um famoso “Plano B”… Aquilo, sim, teria sido empurrar o governo e o país para o buraco.
Ocorre que Lula só consegue cantar as suas próprias glórias se imaginar que há gente torcendo pelo seu insucesso; não lhe basta obter êxito a favor de alguém ou de alguma causa; ele precisa, necessariamente, triunfar CONTRA alguém ou alguma coisa. Não pode, assim, haver temperamento mais avesso ao daquele suposto líder que está acima das contendas humanas. Em seu discurso, foi deselegante — e, como sempre, ingrato — até com aqueles que pavimentaram a sua carreira no sindicato. Também eles, disse Lula, estariam tentando manipulá-los, mas, deixou claro, ele foi muito mais esperto.
Lula não é o primeiro líder na história da humanidade com essas características e com esse temperamento. Houve outros antes dele.
(...)
Mas intuo que, mesmo depois de tudo, mesmo depois de ter alcançado na vida o que poucos no mundo puderam ou poderão alcançar, Lula estará infeliz na hora da “indesejada das gentes” (Manuel Bandeira), da qual ninguém escapa.
(...)
Mas intuo que, mesmo depois de tudo, mesmo depois de ter alcançado na vida o que poucos no mundo puderam ou poderão alcançar, Lula estará infeliz na hora da “indesejada das gentes” (Manuel Bandeira), da qual ninguém escapa.
Sabem por quê? Porque nem mesmo a generosidade ou a bonomia alheias convencem o fundo da alma de Lula. Porque, e ele deixou isso claro nesta quarta, ele desconfia das boas intenções até mesmo daqueles que o ajudaram a ser quem é. Na sua imaginação delirante, autocentrada e autoritária, só agiram desse modo porque apostavam na sua derrota.
(...)
Lula, no fim das contas, ainda que admirado por milhões, é mais solitário do que qualquer um de nós porque jamais conseguirá ser amado o quanto ele próprio se ama. É único no que imagina ser e no amor que alimenta por esse ser imaginário.
ÍNTEGRA AQUI.
O INIMPUTÁVEL
Editorial do Estadão de ontem:
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Eis a palavra de ordem: Luiz Inácio Lula da Silva paira acima da Justiça, e o seu detrator, o publicitário Marcos Valério, é um desqualificado. Desde que, na semana passada, este jornal revelou que o operador do mensalão, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, em setembro último, acusou o ex-presidente de ter aprovado o esquema de compra de votos de deputados e de tirar uma casquinha da dinheirama que correu solta à época do escândalo, o apparat petista e os políticos governistas apressaram-se a fazer expressão corporal de santa ira: “Onde já se viu?!”.
Eis a palavra de ordem: Luiz Inácio Lula da Silva paira acima da Justiça, e o seu detrator, o publicitário Marcos Valério, é um desqualificado. Desde que, na semana passada, este jornal revelou que o operador do mensalão, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, em setembro último, acusou o ex-presidente de ter aprovado o esquema de compra de votos de deputados e de tirar uma casquinha da dinheirama que correu solta à época do escândalo, o apparat petista e os políticos governistas apressaram-se a fazer expressão corporal de santa ira: “Onde já se viu?!”.
Apanhado em Paris pela notícia da denúncia, Lula limitou-se a dizer que era tudo mentira, alegou indisposição para não comparecer a um jantar de gala oferecido pelo presidente François Hollande à colega brasileira Dilma Rousseff e, no dia seguinte, fugiu da imprensa, entrando e saindo dos recintos pela porta dos fundos – algo não propriamente honroso para um ex-chefe de Estado que se tem em altíssima conta. Em seguida, usando como porta-voz o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, declarou-se “indignado”. Outros ministros também se manifestaram. Como nem por isso as acusações de Valério se desmancharam no ar, nem o PT ocupou as praças para fulminá-las, os políticos tomaram para si a defesa do acusado.
Na terça-feira, um dia depois do término do julgamento do mensalão, oito governadores se abalaram a São Paulo em romaria de “solidariedade” a Lula, na sede do instituto que leva o seu nome. De seu lado, a bancada petista na Câmara dos Deputados promoveu na sala do café da Casa um ato pró-Lula.
Foi um fracasso de bilheteria: poucos parlamentares da base aliada (e nenhum senador) atenderam ao chamado do líder do PT, Jilmar Tatto, para ouvir do líder do governo Dilma, Arlindo Chinaglia, que Lula “é (sic) o maior presidente do Brasil”, além de “patrimônio do País”, na emenda do peemedebista Henrique Eduardo Alves, que deve assumir o comando da Câmara em fevereiro. Não faltaram, naturalmente, os gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Já a reverência dos governadores – aparentemente, uma iniciativa do cearense Cid Gomes – transcorreu a portas fechadas. Havia três petistas, dois pessebistas (mas não Eduardo Campos, que se prepara para ser “o cara” em 2014 ou 2018), dois peemedebistas e um tucano, Teotônio Vilela Filho, de Alagoas, autodeclarado amigo de Lula. Seja lá o que tenham dito e ouvido no encontro, os seus comentários públicos seguiram estritamente a cartilha da intocabilidade de Lula, com as devidas variações pessoais. Agnelo Queiroz, do PT do Distrito Federal, beirou a apoplexia ao proclamar que Valério fez um “ataque vil, covarde, irresponsável e criminoso” a Lula. “Só quem confia em vigarista dessa ordem quer dar voz a isso.”
Não se trata, obviamente, de confiar em vigaristas, mas de respeitar os fatos.
Valério procurou o Ministério Público – não vem ao caso por que – para fazer acusações graves a um ex-presidente e ainda figura central da política brasileira. Não divulgá-las seria compactuar com uma das partes, em detrimento do direito da sociedade à informação. Tudo mais é com a instituição que tomou o depoimento do gestor do mensalão, condenado a 40 anos. Ainda ontem, por sinal, o procurador-geral Roberto Gurgel, embora tenha mencionado o contraste entre as frequentes declarações “bombásticas” de Valério e os fatos apurados, prometeu examinar “em profundidade” e “rapidamente” as alegações envolvendo Lula.
Não poderia ser de outra forma. “Preservar” o ex-presidente, como prega o alagoano Teotônio Vilela Filho, porque ele tem “um grande serviço prestado ao Brasil”, é incompatível com o Estado Democrático de Direito. O que Lula fez pelo País pode ser aplaudido, criticado ou as duas coisas, nas proporções que se queiram. O que não pode é torná-lo literalmente inimputável. Dizer, por outro lado, como fez o cearense Cid Gomes, que Valério não foi “respeitoso com a figura do ex-presidente e com a memória do Brasil” põe a nu a renitente mentalidade que evoca a máxima atribuída ao ditador Getúlio Vargas: “Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei”.
NEGAÇÃO DA POLÍTICA E EXALTAÇÃO DA VIOLÊNCIA
A negação da política contra o regime militar
Revolucionários nunca tiveram objetivo no campo democrático. Sem ideias, só personalismo e, como mostra Marighella, ação terrorista e violência. Para quê?
O recém-lançado livro "Marighella: o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo" (Companhia das Letras), de Mário Magalhães, permite uma série de reflexões sobre a esquerda brasileira.
Isso porque o autor fez uma pesquisa exemplar, exaustiva. Focou - e não poderia ser diferente, sendo uma biografia - a vida pessoal e política de Carlos Marighella, desde seu nascimento, em Salvador, até sua morte, em São Paulo.
Ao longo dos 58 anos da vida de Marighella, o leitor percorre o caminho tortuoso da esquerda sempre à procura de um farol, de uma Roma vermelha: começando em Moscou, passando por Pequim, depois Havana, Tirana e, quem diria, mais recentemente, Caracas. Viveu de descobertas e, principalmente, de desilusões. E acabou perdendo a possibilidade de entender o Brasil.
Não é acidental que a esquerda revolucionária tenha sido derrotada em todas as batalhas políticas. Restou obter vitórias no campo ideológico e construir mitos, despolitizando-os e transformando-os em heróis, mas heróis fadados ao fracasso. Na falta de ideias, sobrou o culto personalista.
A iniciação política de Marighella teve início durante o primeiro governo Vargas. Logo conheceu a prisão e a barbárie dos torturadores. Ficou muitos anos preso.
Com a anistia de 1945 e a legalização do Partido Comunista, foi eleito deputado constituinte pela Bahia. Dois anos depois, perdeu o mandato e o PC foi novamente perseguido. Viveu em São Paulo como militante profissional. Como todos comunistas da sua geração, tinha em Stálin e em Luís Carlos Prestes os modelos a serem seguidos.
Seu momento de inflexão política foi em 1964. Criticou a estratégia do PCB. Da crítica, chegou ao rompimento e à fundação da Ação Libertadora Nacional.
A ALN recusava qualquer luta política. Diz Marighella: "O dever de todo revolucionário é fazer a revolução; o segundo é que não pedimos licença para praticar atos revolucionários; e o terceiro é que só temos compromissos com a revolução". Escreveu que o "conceito teórico" que o guiava "é o de que a ação faz a vanguarda" e que "a ação é a guerrilha".
A trajetória de Marighella entre os anos 1964 e 1969, parte mais importante do livro, reforça a negação da política em uma guerra aberta contra o regime militar.
O que não se vê é qualquer ato de busca de apoio popular, de organização, de traçar algum objetivo no campo democrático. Tudo se resume à ação terrorista, à violência. E a cada ação, maior o isolamento.
O máximo de atividade efetivamente política nos atentados, sequestros ou assaltos a bancos são os panfletos atirados logo após alguma "ação revolucionária".
Marighella passou os últimos cinco anos da sua vida como a maior parte dos anteriores: fugindo, se escondendo dos seus perseguidores.
Depois de tantas fugas, sacrifícios, sem vida pessoal plena, em meio à violência e ao sadismo da repressão militar, ficam algumas (incômodas?) perguntas: para que tudo isso?
É a busca do martírio? É a tentativa de colocar seu corpo para o sacrifício ritual da revolução? Anos e anos fugindo produziram o quê? O que, do pouco que escreveu, poderia ficar para a construção do Estado democrático de Direito? Que ideia serviria para nortear a consolidação da democracia e do respeito aos direitos humanos?
É difícil, muito difícil, encontrar alguma resposta positiva.
A trajetória de vida do revolucionário baiano serve para refletir como as ideias democráticas tiveram enorme dificuldade de prosperar no Brasil. E mais: mostra como avançamos nos últimos 25 anos enfrentando o autoritarismo histórico das elites políticas. Principalmente quando observamos o século 20 brasileiro, marcado pela negação da política e pela exaltação da violência.
MARCO ANTONIO VILLA, 56, é historiador, professor da Universidade Federal de São Carlos e autor, entre outros, de "Mensalão: o Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política Brasileira"
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