terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O mito que ofende os pobres. Qual seria o propósito e por que ninguém se importa?

A situação das pessoas que vivem nas ruas, principalmente nas regiões metropolitanas, é motivo de constante atenção dos governos municipais.
Campanhas estimulam ajuda em vez de esmola, como a que foi lançada pela prefeitura de Santos - SP.

A esmola humilha e desestimula a recuperação de quem encontra quem os sustente nessa condição.
Instituições para acolher pessoas desamparadas não faltam, ao menos em São Paulo, mas a resistência a uma rotina disciplinada e às regras de boa convivência dificulta o trabalho de pessoas bem intencionadas, muitas são voluntárias, que se dedicam a essa nobre missão de resgatar pessoas em situação de indigência.

O governador Geraldo Alckmin apresentou, no twitter, os resultados da primeira semana de ação na cracolândia em São Paulo. Segundo ele, foram presos 149 presos criminosos, 878 pessoas foram encaminhadas para abrigos e 212 para serviços de saúde, sendo que oitenta se internaram voluntariamente.

Leiam trechos de mais dois brilhantes textos do jornalista Reinaldo Azevedo (íntegra AQUI e AQUI.)

O crack, o Datafolha e o mito de que a pobreza induz a violência e o vício, embora a esmagadora maioria dos pobres seja honesta e careta

A Folha deste domingo publicou uma pesquisa Datafolha com viciados da cracolândia de São Paulo. Os números insistem em escancarar o que os ditos “progressistas” não querem ver. Em vez de acatar a realidade, torturam a lógica para que ela confesse o que eles querem ouvir.

* Uma faixa exposta durante aquela inacreditável churrascada na cracolândia dá o que pensar: “Nem criminoso nem doente; usuário de drogas é cidadão”.

* Assim, entende-se que o consumo das substâncias hoje consideradas ilícitas, crack inclusive, é um exercício de… cidadania!

* É evidente que um sujeito pobre que se vicia tem mais chances de terminar na cracolândia do que um rico. É certo que um indivíduo apenas remediado que se torne dependente da cocaína tem mais chances de parar na sarjeta do que um milionário.

* O que interessa é saber por que a esmagadora maioria dos pobres e dos miseráveis NÃO SE DROGA!!!

* Alguns números são assombrosos: 63% dos homens na cracolândia têm entre 16 e 34 anos - são jovens! Declaram-se solteiros 62%, mas 70% já são pais. Entre as mulheres, esse número chega a 90%. Um dos comportamentos associados ao uso da droga é sexo de risco - às vezes, para conseguir mais droga.

* Nada menos de 48% dizem consumir mais de cinco pedras por dia, e 38% afirmam gastar, diariamente, R$ 60 com o vício - R$ 1.800 por mês; quase três salários mínimos.

* A interpretação que se fez da pesquisa Datafolha reforça o mito de que pobreza induz violência e vício. Não! A esmagadora maioria dos pobres é honesta e careta, ainda que a maioria dos que perambulam pela cracolândia seja pobre.


* Nos tempos pré-crack, a droga, do ponto de vista do consumidor, parecia mera questão privada, restrita ao indivíduo ou às famílias.

* A invisibilidade do viciado facilitava, e facilita, o discurso laxista, do “deixa-estar”, do “cada-um-faça-o-que-bem-entender”.

* O álcool, por exemplo, é, sim, um grave problema de saúde pública, ainda não devidamente abordado pela legislação, acho eu. Mas onde fica o “Vale dos Bêbados”?

* E não me venham com a tese ridícula de que é a ilegalidade que faz as cracolândias. A verdade está no contrário: é a tolerância com o crack, isto sim (na suposição de que se trata de um “problema social”), que criou essas áreas nas cidades.

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