A campanha de Haddad já começou, e setores da imprensa atuam como cabos eleitorais
Por Reinaldo Azevedo
Pois é… Eu sei bem como a música toca porque os conheço.
Escrevi ONTEM que a resistência à ação da Polícia na Cracolândia, em São Paulo, era organizada por franjas do petismo presentes em todo canto, muito especialmente na imprensa.
Não deu outra!
Reportagem do Estadão desta terça, de Bruno Paes Manso, que foi parar na manchete do jornal, deve, entendo, ser objeto de investigação acadêmica.
Evidentemente, foi pautada pelo governo federal.
Há muto tempo não lia algo dessa natureza.
Escandalizem-se.
(O cronograma traçado pelo governo federal para ser discutido com o Estado e a cidade de São Paulo previa o começo das ações policiais na cracolândia apenas em abril.)
Em duas linhas, o texto viola a Constituição Federal e a Constituição estadual.
O governo federal não poderia ter cronograma nenhum porque isso, forçosamente, deveria ter sido discutido com o governo de São Paulo, o que não aconteceu.
Pergunta óbvia: o Estadão teve acesso a um cronograma que o próprio Palácio dos Bandeirantes ignorava?
Dilma Rousseff, por acaso, havia decretado intervenção em São Paulo ao arrepio do Congresso?
(A proposta era começar o ano fortalecendo serviços de retaguarda nas áreas de saúde e proteção social e inaugurar os consultórios de rua em fevereiro. Só depois seriam instaladas bases móveis da Polícia Militar em locais com alta concentração de consumidores de drogas e iniciado o policiamento ostensivo na região, com monitoramento das ruas por câmeras. Em maio, o policiamento dessas áreas ganharia apoio de equipes de ronda ostensiva - no caso de São Paulo, a Rota.)
Ah, bom! E isso tudo foi debatido exatamente com quem? A Polícia Militar de São Paulo, por acaso, foi federalizada?
O governo federal, que protagoniza sucessivos vexames na segurança pública, decidiu agora dar aulas ao Estado que, nos últimos 15 anos, é exemplo de combate ao crime?
Só para ilustrar com números: se os mortos por 100 mil habitantes no Brasil fossem iguais aos de São Paulo, 30 mil vidas seriam poupadas por ano no país.
Releiam o texto: VEJAM COMO O GOVERNO DILMA É DE UMA ESCANDALOSA EFICIÊNCIA NO PAPEL.
A mesma eficiência demonstrada, por exemplo, na prevenção às catástrofes, não é mesmo?
O mais encantador é constatar que o Planalto teria na ponta do lápis até a definição do momento em que se empregaria a Rota!
(...)
(A secretária de Estado da Justiça, Eloisa de Sousa Arruda, diz, no entanto, que não teve acesso a nenhum documento do governo federal com definição de datas para ações na cracolândia...”)
O texto dá a entender que se trata de uma guerra de versões.
Eloísa se Souza Arruda “diz (sic) que não teve acesso a nenhum documento…”???
Errado! “Diz” coisa nenhuma! Ela, de fato, não teve acesso.
Era um plano secreto, revelado pelo faro jornalístico da reportagem!!!
No texto do Estadão, reitero, temos um estado sob intervenção, com a Polícia Militar sob o comando de alguma autoridade federal… Agora vejam este mimo:
(A Assessoria de Comunicação do Ministério da Justiça ressaltou que constitucionalmente o governo federal não pode tomar medidas unilaterais sem que Estado e município sejam ouvidos, pois são eles que tomam as decisões locais.)
Ah, bom! Então a matéria, que é manchete do jornal, caiu no último parágrafo.
Se o governo federal “não pode tomar medidas” e se as tais “medidas”, ainda que apenas previstas, não tinham sido nem sequer discutidas com Estado e município, então o tal plano não passa de uma fantasia de urgência, criada apenas para fazer a guerrilha política.
O que se tem acima é o vazamento de um suposto plano federal de ocupação da Cracolândia cujo objetivo único é a guerrilha política.
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Criminalização da polícia
O Estadão, nesse caso, perdeu a mão. Um outro texto, na mesma página, traz o relato de uma garota viciada. Ela acusa um policial de lhe ter dado, de forma deliberada, um tiro na boca com bala de borracha.
Título da reportagem: “Tiro de borracha vira 1º BO de tortura”.
No texto, com todas as letras, lê-se: “É o primeiro caso de tortura registrado desde o início da ação na área”. Vocês entenderam direito, sim. O relato de uma viciada em crack é passado ao leitor como expressão da verdade. E ponto! Quem não merece credibilidade é a polícia!
Mais adiante, no mesmo texto: “A Defensoria Pública está na Cracolândia registrando queixas sobre violações de direitos humanos. O órgão recebeu relatos de agressões, atropelamentos e prisões forjadas. Entre as denúncias, está a de uma mulher que teria sido obrigada a ficar nua.” E vai por aí.
Os viciados em crack estão sendo tratados como juízes competentes dos policiais.
Os defensores públicos decidiram migrar para a Cracolândia??? Vá lá! Que ouçam os relatos.
Mas é evidente que o vazamento das denúncias para a imprensa, antes de qualquer apuração, tem o fito exclusivo de difamar a Polícia e atacar a operação.
Se há quem ache o Ministério Público bastante contaminado pelo petismo, então é porque não conhece, com as exceções de praxe, a Defensoria Pública de São Paulo.
Notem que se trata de uma ação coordenada, que começa em Brasília, chega à defensoria e encontra a sua caixa de ressonância em setores da imprensa.
Tenho uma curiosidade: quantas vezes os defensores já tinham dado plantão na Cracolândia?
Interessaram-se, alguma vez, pelas meninas e meninos que habitavam aquele inferno, prostituindo-se por uma miserável pedra de crack?
Quantas vezes mergulharam no inferno, sem a proteção da polícia, de que gozam hoje, para ouvir relatos das mulheres estupradas e espancadas?
Mudo um pouco o foco: quantas vezes estes mesmos defensores foram à região para ouvir os reclamos dos moradores que ficavam sitiados em seus apartamentos, seqüestrados pelo traficantes e pelos viciados?
Quantas vezes se interessaram em ouvir os comerciantes honestos que ainda resistem por ali? Escarafunchei o noticiário de vários veículos.
Não encontrei nada!
A verdade asquerosa é a seguinte: o governo federal comanda a difamação contra a operação de retomada da Cracolândia pelo poder público.
A campanha de Fernando Haddad à Prefeitura já começou.
E setores da imprensa atuam como cabos eleitorais.
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