AFONSO BENITES - Folha.com
O Ministério Público recuou e disse, nesta sexta-feira, que não é possível afirmar, nesse momento, que a ação da polícia na cracolândia seja "desastrosa".
Uma reunião de cerca de quatro horas entre o comando da PM, representantes das secretarias de Assistência Social e da Justiça e promotores, foi realizada hoje para discutir a operação iniciada no dia 3 pela Polícia Militar no centro de São Paulo.
Na terça-feira (10), os promotores de Habitação, Direitos Humanos (Inclusão Social e Saúde) e da Infância e Juventude caracterizam como "desastrosa" a ação, que teria boicotado o trabalho que já estava sendo feito na região.
Um inquérito civil foi instaurado em conjunto por quatro promotorias para investigar a operação.
A principal crítica dos promotores é que a operação foi realizada antes da inauguração do centro de acolhimento para usuários de drogas, localizado na rua Prates, região central.
No entanto, após a reunião, os promotores mudaram de ideia.
"A avaliação que nós tínhamos foi feita foi com base no que a imprensa publicou. Antes não tínhamos informações dos órgãos envolvidos na ação, agora temos. Por isso não dá para dizer se a ação foi desastrosa ou não", afirmou o promotor de Direitos Humanos e de Inclusão Social, Eduardo Valério.
POLÍCIA MILITAR
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Camilo, afirmou que a PM não vai mais impedir que os usuários fiquem na região da Luz, desde que não usem drogas.
Ele disse também que, no próximo mês, três bases comunitárias serão instaladas na região da cracolândia.
Ele explicou que, neste momento da operação, a Polícia Militar trabalha para quebrar a logística do tráfico e dar condições para que outros órgãos do poder público possam atuar, buscando a recuperação dos dependentes.
De acordo com a PM, desde a semana passada, agentes de saúde e assistentes sociais começaram a atuar com mais liberdade, sem traficantes impedindo o trabalho. Equipes de limpeza já retiraram mais de 70 toneladas de lixo da região.
"Estamos trabalhando para quebrar a logística do tráfico, e isso leva tempo", afirmou o comandante.
Até as 17h desta sexta-feira, 144 pessoas foram presas --105 em flagrante e 39 foragidos recapturados. Mais de 25 kg de drogas foram apreendidos.
Segundo o coronel, os PMs que trabalham na Luz foram orientados a fazer intervenções de forma branda. "As abordagens só são feitas quando a polícia identifica o consumo ou o tráfico de drogas", disse.
A Polícia Militar informou ainda que disponibilizou cinco atendentes do Copom (Centro de Operações da PM) para atuar exclusivamente no recebimento de denúncias sobre a migração de usuários para outros bairros da cidade.
Nesta semana, a PM dobrou seu efetivo na região da Luz. São 287 policiais militares --entre eles, 152 da "Rota-- atuando na segurança da cracolândia e dos bairros próximos.
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