quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Yeda Crusius: Fui impedida de governar

A ex-governadora critica oposição ‘ideológica e eleitoral’ a seu mandato
Do Metro Porto Alegre/ Band.com

Esbanjando bom humor e um bronzeado típico do verão, sua estação predileta, a ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, rompeu o silêncio que mantinha desde que deixou o cargo, em janeiro de 2011, para anunciar que terá um “ano sabático” pela frente.

Longe do poder – e dos holofotes – por mais de um ano, a ex-governadora que vai contar em livro as suas experiências administrativas, que passam pela Câmara dos Deputados e ministério do Planejamento, nos anos de 1990, até o governo gaúcho (2007- 2010), em que teve embates duríssimos com a oposição comandada pelo PT.

“Vou escrever o que já fiz e não contei”, resumiu.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

A senhora criou uma secretaria de irrigação que foi extinta pelo atual governo. Os efeitos da seca atual lhe surpreendem?

Não. A cada cinco anos sempre temos dois ou três de seca. Não fui eu que inventei, aqui todo mundo sabe disso. É, inclusive, a origem do nosso desequilíbrio regional. Por isso acabei assumindo como nosso principal problema. A irrigação passou a ser um programa estruturante. Eu só posso lamentar, pelo Estado, que a secretaria de irrigação não tenha sido mantida.

Mas ela deu resultado?

No nosso caso, a gente cumpriu. Tanto que tivemos seca mas não faltou água. Houve supersafras recorrentes, ano após ano. O PIB gaúcho cresceu a ritmo chinês em meio à crise mundial. Os que governam hoje é que precisam dizer o que estão fazendo.


A questão salarial do magistério tem solução?

Eu propus uma remuneração inicial de R$ 1,5 mil para professores e soldados da BM, que valesse desde 1º de janeiro de 2010. As lideranças politico-partidárias e as lideranças sindicais impediram que fosse feito. Nós criamos até orçamento para isso. As lideranças é que têm que explicar por que os professores e os brigadianos ainda não ganham R$ 1,5 mil por mês.


A senhora acha que o Duplica RS também está fazendo falta?

Uma parte nós fizemos. Mas depois fomos impedidos, em novembro de 2008, de prosseguir. Tínhamos colocado o projeto na Assembleia, que significava redução de pedágio a partir de janeiro de 2009 e duplicação das rodovias mais importantes com recursos dos pedágios. Mas nada foi feito porque nos impediram, em nome de uma questão ideológica e eleitoral. Agora estão voltando ao princípio.

Quer dizer que houve um boicote?

Fui impedida, sim. O então ministro dos Transportes [Alfredo Nascimento] mandou uma carta dizendo que não aceitaria a decisão da Assembleia. Aí eu ouvi meu conselho político e decidi que não ia submeter os deputados a isso, para depois entrar numa pendenga jurídica. E quem é que jogava isso com todas as letras no RS? Quem dizia que se eu duplicasse estradas ganhava a eleição. Estamos muito atrasados em relação ao que poderíamos estar realizando hoje.

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