terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

EDUCAÇÃO - A CHAVE PARA DIMINUIR DESIGUALDADES

A economia do Brasil está consolidada, apesar da farra dos companheiros e dos desvios bilionários nos esquemas de corrupção.
A estabilização, conquistada com o Plano Real, é um exemplo para o mundo. Não é isso o que compromete o futuro do país.
A apologia à mediocridade, a degradação da sociedade, dos valores morais e culturais, a inversão de prioridades e a ausência de investimentos no potencial humano é o que coloca em risco qualquer projeto de país evoluído, mais preocupante do que o crescimento econômico gerado pelo endividamento das famílias.
Estamos "importando" profissionais especializados por falta de formação do brasileiro, condenado aos empregos que não exigem qualificação. Portanto, os melhores salários serão destinados aos estrangeiros, e isso também compromete a poupança interna.
Tivemos a oportunidade de avançar nesses aspectos, mas as notícias sobre evasão escolar e a qualidade duvidosa de cursos criados sem critério de qualidade representam o maior risco ao que foi conquistado nesses últimos vinte anos.
Isso não é análise, é fato.


Abaixo, EDITORIAL da Folha de S. Paulo

Menos desiguais

A análise da mudança na estrutura de renda do Brasil nos últimos 20 anos costuma atribuí-la aos programas de transferência, como Bolsa Família. Trata-se, no entanto, de um fenômeno mais profundo de inclusão, ancorado no aumento dos rendimentos do trabalho e da escolaridade.


Após três décadas de concentração de renda, os anos 1990 deram início a um processo continuado de redução da pobreza e de melhoria na distribuição.

Segundo o CPS (Centro de Políticas Sociais) da FGV, entre 1994 e 2010 a pobreza caiu 67%, e mais de 50 milhões de pessoas foram incorporadas à classe média (ou classe C, definida pela renda domiciliar mensal entre R$ 1.000 e R$ 4.500, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2009).

Esse grupo correspondia em 2009 a 50,5% da população, contra 31% em 1993. Já a parcela com renda inferior a R$ 1.000, agrupada nas classes D e E, decresceu no mesmo período de 63% para 39%. E as faixas mais altas (A e B), com renda superior a R$ 4.500, perfazem 11% da população, quase duas vezes mais que em 1993.
(...)

São várias as razões para a peculiaridade do Brasil.

A queda da inflação proporcionada pelo Plano Real, de 1994, trouxe o primeiro grande movimento de inclusão dos mais pobres,...

Tornou-se lugar-comum, nos últimos anos, atribuir a parcela principal de tais avanços às políticas de aumento real do salário mínimo e aos programas de transferência de renda.
Os dados, contudo, indicam que, apesar de relevantes, esses dois elementos juntos respondem por apenas um terço da queda da desigualdade, em média.
(...)

Mais que elevações do mínimo e programas assistenciais, a causa predominante da melhoria distributiva parece estar no aumento da renda do trabalho em geral.

O crescimento de renda mais rápido entre os pobres tem forte correlação com o adicional de anos de estudo da população ocupada.

Dito de outra maneira: o aumento da oferta educacional, com a universalização do ensino fundamental alcançada no período FHC, desempenhou papel essencial em alargar oportunidades para ganhos no rendimento dos trabalhadores.

A redução da desigualdade não é, portanto, fruto exclusivo de uma política pública isolada, como o Bolsa Família. É resultado do maior crescimento econômico mundial da última década, mas também de políticas nas áreas de proteção social e educação que vêm de antes.

Melhorar o acesso ao mercado de trabalho por meio da educação é o instrumento mais poderoso de combate à pobreza, muito superior ao mero assistencialismo.

Qualificar a mão de obra, popularizar o microcrédito e melhorar a produtividade do setor de serviços, o que mais emprega, com impostos simplificados e leis trabalhistas que incentivem a formalização de pequenas empresas - eis a chave para solidificar os avanços sociais dos últimos anos.

Transcrito da Folha de S. Paulo, domingo, 19/02/2012

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