quarta-feira, 14 de março de 2012

BRASILEIRO É BOM COMPANHEIRO, ISSO É BOM?


A palavra de ordem na última campanha, falada abertamente nos palanques pelo ex-presidente, era para que o eleitor "extirpasse" a oposição.
O brasileiro, obediente, atendeu às ordens de quem se julga "dono" de nossas consciências e elegeu uma imensa maioria de governistas para o Congresso, o que praticamente anulou a voz da oposição. Os poucos que estão lá mal têm espaço para se manifestar nem condições para atender às necessidades de seus estados de origem.

Considerando-se à vontade, praticamente sem oposição para fiscalizar seus atos, o governo do PT agora com Dilma Roussef tem força suficiente para investir contra os partidos da base, o que confirma fala de Zé Dirceu em um de seus congressos, quando propôs consolidar o domínio da máquina petista.

A maioria das análises do dia afirmam que os novos líderes da Câmara e do Senado escolhidos por Dilma podem piorar a situação do governo e não apostam no êxito dos substitutos. Lembram que Arlindo Chinaglia (PT-SP) é irritadiço e colecionou desavenças quando presidiu a Câmara. Tanto ele quanto o inexperiente líder escolhido para o senado são considerados arrogantes e sem atributos essenciais a um Líder do Governo.

A única explicação que é unânime, nos artigos sobre a decisão de Dilma, é de que se trata de represália pela derrota de seu indicado para a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O jornalista Cláudio Humberto ironiza a ‘Independência' de Braga, que não resistiu ao cargo:

"O senador “independente” Eduardo Braga (PMDB-AM) não resistiu ao primeiro aceno.
Virou “independente” porque exigia que José Sarney e o líder do PMDB, Renan Calheiros, garantissem sua nomeação como ministro dos Transportes, em lugar do inimigo Alfredo Nascimento (PR-AM), mas Dilma preferiu um amigo, Paulo Passos.
Quis ser ministro da Agricultura depois, mas Dilma nomeou outro amigo, Mendes Ribeiro."


O Estadão deixa bem claro o "cala-boca" aplicado ao novo líder:
*
Na tentativa de manter a união do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, chamou Eduardo Braga para catequizá-lo.

"Agora você não é representante de um grupo. Você representa o governo e, nessa condição, terá de conversar com Renan e Sarney", disse Temer.


Até agora não tem ficado bem claro à opinião pública o histórico de vazamentos que resultaram em demissões de ministros de partidos aliados ao governo, enquanto ministros petistas envolvidos em denúncias gravíssimas resistem à vassourada.
A exceção foi Palocci que foi varrido pela pressão popular.

Mesmo assim, a midia tende a aceitar a pauta do governo de que Dilma é durona contra "malfeitos" e que seria responsável por uma limpeza ética nunca antes vista no Brasil.
Acredite quem quiser, eu não me iludo. Qualquer leigo conhece a técnica do "bate e assopra", muito usada em interrogatório, na qual um personagem se apresenta como "bonzinho", o camarada que passa a mão na cabeça para conquistar a confiança. Por outro lado, tem o "durão" que resolve tudo.
Muitos admiram esse segundo tipo, mas se algo der errado e alguém tiver coragem de reagir, lançam a pauta de que a base sente falta do "bonzinho", que volta todo poderoso

Quando foram escolhidos os nomes para postos de liderança, tanto Lula quanto Dilma sabiam com quem estavam lidando. A bandalheira já acontece há dez anos e na maior parte do tempo Dilma comandou tudo como Chefe da Casa Civil.
Esse dado incontestável, somado ao fato de que determinados personagens "periféricos" (bodes expiatórios) têm se tornado o foco das críticas da imprensa e da população (tem gente que até segue a onda de querer fechar o Congresso), leva-me a crer que há um propósito em curso, prepararam o terreno para contar com o apoio da opinião pública na hora de se livrar deles.
Essas intenções me preocupam porque comprometem nossa frágil Democracia.

Até mesmo quem se declara contra a ideologia e os métodos petistas costuma expor opiniões que facilitam a vida do PT, há comentários muito duros contra seus adversários, coisa que os petistas não fazem porque o que interessa é a vitória e nisso eu me rendo, estão cobertos de razão. A não ser que quem critica tanto o PT quanto seus adversários queira isso mesmo, que o PT se consolide no poder e que os demais partidos desistam de almejar o comando do país. Isso seria uma tirania consentida, ou algo assim.

Alguns partidos aparentemente se conformam com essas medidas, alguns já estão pulando fora do barco nas candidaturas municipais, mas há sinais de descontentamentos que podem desencadear uma crise tão profunda quanto à da era Collor.
Os petistas tentam minimizar as tensões e negam que o PT tenha um projeto de se tornar partido hegemônico, mas a maneira como subestimam os demais pode provocar resultados imprevisíveis.

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