Serra usou espera e suspense para dar um nó e montar a confusão dentro do PT
Ricardo Setti
Pode-se gostar do homem — ele teve 44 milhões de votos para presidente em 2010 –, pode-se não gostar (dentro de seu próprio partido ele tem inimigos ferrenhos). Mas é inegável que a tática utilizada pelo ex-prefeito, ex-governador e ex-presidenciável José Serra (PSDB) para lançar-se candidato a prefeito de São Paulo nas eleições de novembro próximo deu um nó nos adversários e semeou sizânia e confusão dentro do PT.
Mantendo o PSDB em suspense com seu entra-não-entra — chegou a anunciar que não seria de modo algum candidato, depois sinalizou que poderia, em seguida falou-se, em seu nome, que o melhor seria cancelar as prévias que o partido já decidira fazer para escolher seu candidato –, Serra deixou dependurado o prefeito Gilberto Kassab (PSD), seu sucessor e cria político, que negociava o apoio ao PT para o caso de ser outro o candidato tucano.
Com sua decisão de entrar no páreo e disputar as prévias com dois dos quatro pretendentes iniciais, desmascarou de vez, para quem quiser ver, o PT de Lula.
Rachou o partido, uma parte do qual já estava se sentando no colo de Kassab, que foi bajulado a ponto de ser convidado para a festa de aniversário do PT, dia 10 passado.
Deixou os pragmáticos de primeira hora sem saber o que fazer, enquanto a senadora Marta Suplicy, detentora de força e voto na capital – que já tivera que engolir o ex-ministro Fernando Haddad como candidato do PT porque Lula assim o determinou, e que abominara publicamente o namoro com Kassab — viu diminuir de quase nada para abaixo de zero seu entusiasmo em fazer campanha para o partido.
Finalmente, como uma espécie de clímax da cara de pau, Haddad diz que se sente “melhor” sem o apoio de Kassab, que tanto buscou.
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